IMAGEM: ARSENAL DE MARINHA/DIVULGAÇÃO

Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro: 262 anos de tradição e novos rumos na construção naval

O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) carrega em sua história mais de dois séculos e meio de tradição e relevância para a construção naval militar do Brasil. Fundado em 29 de dezembro de 1763, a instituição foi inicialmente instalada no sopé do Mosteiro de São Bento, com a missão de construir e reparar navios da Marinha de Portugal.
 

Com uma trajetória marcada por inovações e conquistas, o AMRJ não se limita ao passado. Sua capacidade de adaptação às demandas da Defesa Nacional permitiu que o estaleiro mantivesse relevância estratégica ao longo dos anos. Hoje, a Organização Militar vive um novo ciclo, retomando a construção naval militar com projetos modernos que reforçam a presença da Marinha do Brasil (MB) em águas jurisdicionais e ampliam a proteção da Amazônia Azul.

Segundo o Diretor do AMRJ, o Contra-Almirante (Engenheiro Naval) Mauro Nicoloso Bonotto, a produção paralela dos Navios-Patrulha (NPa) “Mangaratiba” e “Miramar” simboliza a retomada da tradição construtiva e da capacidade do Arsenal de Marinha.

Do Arsenal da Corte ao AMRJ

Ao longo de sua história, o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro passou por diferentes denominações e momentos de transformação. Com a Independência, em 1822, passou a ser denominado Arsenal de Marinha da Corte, até a Proclamação da República, quando recebeu oficialmente o nome de Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. O crescimento das demandas navais levou, em 1840, à expansão da infraestrutura, com a construção de novas instalações na Ilha das Cobras, incluindo o primeiro dique seco.

A consolidação definitiva na Ilha das Cobras ocorreu em 1938, quando a infraestrutura já superava a existente no continente, dando origem ao Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras. Durante alguns anos, os dois estaleiros funcionaram de forma simultânea, até que, em 1948, apenas o da Ilha permaneceu ativo, adotando definitivamente a denominação de Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, que se mantém até hoje.

Ao longo de sua trajetória, o AMRJ consolidou-se como um polo de inovação e tecnologia naval no País. Desde a construção da Nau “São Sebastião”, em 1763, o estaleiro foi responsável por marcos importantes, como a Corveta “Campista” (1824), o Cruzador “Tamandaré” (1884) e o Monitor Fluvial “Parnaíba” (1936), este último em plena atividade até hoje. Já nas décadas seguintes, destacou-se na produção de Navios-Patrulha Costeiros, Navios de Assistência Hospitalar e Corvetas da Classe Inhaúma, consolidando a capacidade nacional de projetar e construir meios complexos.

Um dos maiores saltos tecnológicos ocorreu a partir de 1982, com o início do programa de construção de submarinos. Fruto de uma parceria com a Alemanha, o projeto possibilitou a formação de gerações de engenheiros e técnicos brasileiros e a transferência de conhecimento de tecnologias. O resultado foi a produção, no próprio AMRJ, de três submarinos da Classe Tupi: “Tamoio”, “Timbira” e “Tapajó”, além do “Tikuna”, entregue à Esquadra em 2006.

Na mesma linha, o Arsenal construiu a Corveta “Barroso”, evolução do projeto da Classe Inhaúma, incorporada à Marinha em 2008 e considerada um marco da capacidade nacional em engenharia naval militar.

Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro divulga entregas previstas até 2028

O AMRJ iniciou o segundo semestre de 2025 com a entrega de duas Lanchas de Operações Ribeirinhas (LOpRib) ao Exército Brasileiro. As duas unidades foram destinadas ao Comando Militar da Amazônia e ao Comando Militar do Oeste. A LOpRib é uma embarcação moderna que alia blindagem e proteção balística à alta mobilidade em águas interiores. 

Em 2026, o Arsenal já tem em sua agenda a cerimônia de batismo do Navio-Patrulha (NPa) “Mangaratiba” e, no mesmo ano, o navio será incorporado ao Setor Operativo da MB. O planejamento inclui também, para dezembro de 2028, a entrega do Navio-Patrulha “Miramar”. Essas construções se devem à inclusão do Programa de Obtenção de Navios-Patrulha (PRONAPA) no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que garantiu investimentos no processo construtivo e na infraestrutura de oficinas especializadas do AMRJ.

As embarcações desse tipo têm um papel relevante e estratégico na proteção da Amazônia Azul. Os navios-patrulha garantem a segurança do tráfego aquaviário, auxiliam na fiscalização das águas jurisdicionais e atuam no combate a crimes como contrabando, pesca ilegal e tráfico de drogas. Além de contribuir para a geração de empregos, eles também desempenham um papel vital em missões de busca e salvamento e no apoio à população em áreas isoladas.

O Arsenal de Marinha também segue disponibilizando parte de seus serviços para embarcações de uso comercial e atendendo às demandas de manutenção de meios navais da MB, como foi o caso da primeira docagem do Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico” no País, desde sua incorporação à MB. Durante o período de docagem no Dique “Almirante Régis”, iniciado em setembro de 2024 e concluído em março de 2025, foram realizados diversos serviços de manutenção, como parte do período de docagem de rotina do Capitânia da Esquadra.

De acordo com o Diretor do AMRJ: “A primeira docagem do NAM ‘Atlântico’ no Dique ‘Almirante Régis’ foi uma manobra desafiadora, não somente pelas dimensões do navio, mas pelo seu ineditismo no Brasil”, relembra.

Fonte: Agência Marinha de Notícias – Primeiro-Tenente (RM2-T) Thaís Cerqueira