IMAGEM: GREENPEACE

EUA divulgam maior pacote de sanções marítimas russas

Nos últimos dias da administração Joe Biden, os funcionários dos EUA apresentaram o seu maior pacote de sanções até agora dirigido à frota negra e à produção e exportação de petróleo da Rússia.

No total, o Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC) acrescentou sanções a 183 navios, incluindo 155 petroleiros, além de perseguir os gigantes da energia Gazprom Neft e Surgutneftegas, com afiliadas, além dos seus CEOs. As companhias de navegação, incluindo a Sovcomflot, e uma série de operadores de frotas obscuras também foram alvo de ataques, assim como as seguradoras marítimas russas Ingosstrakh e Alfastrakhovanie. O amplo pacote de sanções também inclui empresas como a chinesa Wison, que entregou módulos ao projecto Arctic LNG 2.

Os petroleiros recentemente sancionados pela OFAC transportaram pouco menos de metade – 45% em volume – das exportações de petróleo bruto da Rússia em 2024 e 7% dos seus produtos refinados, segundo dados da corretora Braemar.

Da nova lista de sanções da OFAC, 54 petroleiros estão atualmente carregados, segundo Braemar. Todos foram carregados na Rússia ou na Malásia, com o corretor sugerindo que todos eles precisam ser substituídos no curto prazo por navios compatíveis com taxas mais elevadas.

Espera-se que novas sanções sejam reveladas pela União Europeia e pelo Reino Unido, com mais de um terço da chamada frota negra agora prejudicada por sanções.

Em notícias relacionadas, as autoridades alemãs tiveram de resgatar um navio-tanque carregado no Báltico durante o fim de semana.

O Eventin, de 19 anos, que transportava quase 100 mil toneladas de petróleo russo, quebrou na sexta-feira e foi rebocado para o porto alemão de Sassnitz, onde chegou nas primeiras horas da manhã de domingo.

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, criticou na sexta-feira a dependência da Rússia de navios-tanque envelhecidos em sua frota paralela, alertando que era uma ameaça à segurança europeia. Dados divulgados pela Splash na sexta-feira mostram que a idade média da frota sombra – 21 anos – é oito anos mais velha que a média global.

“Ao mobilizar implacavelmente uma frota de petroleiros enferrujados, [o presidente russo Vladimir] Putin não está apenas a contornar as sanções, mas também a aceitar de bom grado que o turismo no Mar Báltico fique paralisado” no caso de um acidente, disse Baerbock, descrevendo os petroleiros como “dilapidados”.

FONTE: SPLASH247.COM

IMAGEM: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO

 

O ano de 2025 será de grandes e complexos desafios políticos em busca da construção de agenda que possa fortalecer a confiança da população no governo e também resgatar o sentimento de luta coletiva na sociedade brasileira.

André Santos*

O primeiro desafio será montar agenda consensual e unitária entre as organizações da sociedade civil e entidades sindicais. O segundo, articular e pressionar os atores institucionais para fazer avançar em relação à essas agendas sociais e o terceiro, preparar a sociedade para as eleições de 2026 — quando os eleitores vão às urnas —, para eleger presidente e vice da República, governadores e vices, senadores e deputados federais, estaduais e distritais (DF).

O primeiro passo para iniciar essa jornada tem como ponto de partida, a unidade das entidades sindicais em torno de pauta substantiva. Sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais contam com conjunto de propostas que estão em debate no Poder Legislativo.

Entre essas, aposentadoria especial, dificultada com a última Reforma da Previdência; redução da jornada de trabalho — pauta histórica do movimento sindical —, trabalho em plataformas, existe a necessidade de regulamentar essa relação de trabalho, a fim de estabelecer mínimo de condições sociais e seguranças para os trabalhadores, e, também, o debate de modelo de financiamento sindical que possa regulamentar o contribuição assistencial, que obteve a chancela do STF ao garantir a constitucionalidade da taxa assistencial para, assim, trazer segurança jurídica para as entidades patronais e laborais ao assegurar a manutenção financeira da estrutura e organização sindicais.

Outras matérias legislativas farão parte das discussões deste ano que se inicia, com impacto direto ou indireto entre os trabalhadores.

Projetos como a regulamentação da IA (inteligência artificial), aprovada no Senado Federal, e agora em debate na Câmara dos Deputados, projeto que regulamento os jogos de apostas — cassinos e bingos —, aprovado pelos deputados e pendente de análise no Senado, entre outras medidas legislativas que estão em tramitação ou que podem surgir no Congresso Nacional, como a proposta de ampliação para isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, matéria que poderá ser encaminhada pelo governo ao Congresso, assim como outras propostas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que visam o chamado equilíbrio fiscal.

PEC
Outra preocupação relaciona-se com a movimentação de PEC (propostas de emendas à Constituição), que tratam da reforma no modelo sindical vigente.

Algumas matérias tiveram andamento no final de 2024, quando foram indicados relatores para tratar das proposições na CCJ da Câmara. Para evitar surpresas desagradáveis, é necessária aproximação desses atores para esclarecer dúvidas relacionadas à atual estrutura sindical e o que pode ser feito para melhorar.

Poder Legislativo
O Congresso — Câmara e Senado —, que tem sido a principal arena de debates e decisões para construção de políticas públicas, passa por mudanças neste ano. A eleição das mesas diretoras da Câmara e do Senado mexe e desloca as peças no tabuleiro político e atualiza as disputas nos próximos 2 anos da atual legislatura.

Os favoritos para ocupar as presidências das Casas legislativas são, respectivamente, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) que, se eleito, será o deputado mais jovem da história na presidência da Câmara dos Deputados.

Motta é aliado do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e de Arthur Lira (PP-AL). Está no 4º quarto mandato. Em 2010, quando se elegeu ao cargo pela primeira vez, foi o deputado mais jovem. Tem perfil de agregador e é próximo dos setores financeiro e do agronegócio.

Senado Federal
O veterano senador Davi Alcolumbre (União-AP) deve retornar ao comando da Casa. Alcolumbre foi deputado federal e secretário de obras de Macapá (AP). No estado esteve aliado ao PSol para derrotar o ex-presidente da República, José Sarney.

Outra mudança que pode ocorrer com o retorno dos trabalhos legislativos é a eleição das presidências das comissões permanentes.

Neste ano são eleitos para comandar os colegiados, tanto na Câmara, onde a renovação é anual, quanto no Senado, em que a escolha dos presidentes dos colegiados é a cada 2 anos. Também podem ter alterações, as lideranças partidárias nas 2 Casas do Congresso.

Eleições 2026
Após o pleito municipal de 2024, em que foram eleitos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, o mundo político já se organiza para as eleições gerais de 2026.

A proximidade da agenda eleitoral traz limitações para alavancar pautas mais complexas e que suscitam divergência ou embates mais duros. Porém, o ano será decisivo para o governo e o movimento sindical. Construir agenda política que possa refletir e influenciar na decisão do eleitor em 2026 será 1 dos principais desafios do movimento sindical.

Eleger bancada no Congresso mais alinhada com as demandas sociais e trabalhistas é tarefa fundamental para que o futuro dos trabalhadores e da sociedade brasileira em geral possa ser mais próspero. As condições estão colocadas, e será essa a conjuntura atual para se trabalhar por dias melhores.

Conheça as principais propostas em tramitação no Congresso Nacional:

Regulamenta os jogos de azar - PL 2.234/22, do ex-deputado Renato Vianna (MDB-SC), dispõe sobre a exploração de jogos e apostas em todo o território nacional; altera a Lei 7.291, de 19 de dezembro de 1984; e revoga o Decreto-Lei 9.215, de 30 de abril de 1946, e dispositivos do Decreto-Lei 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das Contravenções Penais), e da Lei 10.406, de 19 de janeiro de 2002 (Código Civil). Tramitação: aguarda deliberação no plenário do Senado do parecer do relator, senador Irajá (PSD-TO) pela aprovação do projeto, pela rejeição das emendas 45 a 54-PLEN, pela aprovação parcial da emenda 55-PLEN e pela aprovação das emendas 14, 24, 31, 33, 34, e 39 a 44-CCJ, com emendas de redação. Se for aprovada apenas emendas de redação a matéria vai à sanção, se for aprovada outras mudanças, a matéria retorna à Câmara para deliberar sobre as mudanças promovidas pelo Senado.

Regulamentação da IA - PL 2.338/23, do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Dispõe sobre o uso da Inteligência Artificial. Tramitação: após ser apreciada no Senado, a matéria aguarda envio ao exame da Câmara.

Organização sindical - PL 5.552/19, do deputado Lincoln Portela (PL-MG), regulamenta o art. 8º da Constituição, que dispõe sobre a organização sindical, e dá outras providências. Tramitação: está anexado ao PL 6.706/09, que aguarda parecer do relator, deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP) na Comissão de Trabalho. Após, segue para análise das comissões de Finanças e Tributação e CCJ.

Redução da jornada, sem redução salarial - PL 1.105/23, do senador Weverton (PDT-MA), acrescenta artigo à CLT, que faculta a redução da jornada de trabalho, desde sem redução salarial. Tramitação: aguarda parecer do relator, senador Eduardo Gomes (PL-TO) na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), assim como está sujeita a apreciação do plenário.

Regulamenta trabalho de motorista de aplicativo - PLP 12/24, do Executivo, dispõe sobre a relação de trabalho intermediado por empresas operadoras de aplicativos de transporte remunerado privado individual de passageiros em veículos automotores de quatro rodas e estabelece mecanismos de inclusão previdenciária e outros direitos para melhoria das condições de trabalho. Tramitação: aguarda a deliberação do parecer do relator, deputado Augusto Coutinho (Republic-PE), pela aprovação do projeto, com substitutivo da Comissão de Indústria, Comércio e Serviços. Após, segue para análise das comissões de Trabalho e CCJ, sujeita a apreciação do plenário.

Aposentadoria especial - PLP 42/23, do deputado Alberto Fraga (PL-DF), regulamenta o art. 201, 1º, II, da Constituição, para dispor sobre os requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do Regime Geral, nos casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde, e dá outras providências. Tramitação: aguarda parecer do relator, deputado Pastor Eurico (PL-PE) na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família. Matéria ainda está sujeita à apreciação das CFT e CCJ. Sujeita a apreciação do plenário.

Contribuição previdenciária - PEC 6/24, do deputado Cleber Verde (MDB-MA), altera o inciso X do § 22 e insere o § 21-A no art. 40 da Constituição, altera o art. 11 da EC 103, de 12 de novembro de 2019, revoga os §§ 1º-A, 1º-B e 1º-C do art. 149 da Constituição e o § 8º do art. 9º da EC 103. Tramitação: aguarda despacho do presidente da Câmara. Diversos parlamentes apresentaram requerimento para anexar a matéria à PEC 555/06, que está pronta para pauta no plenário. Entretanto, a Mesa Diretora não deferiu os requerimentos. Caso algum seja deferido, a proposta poderá ser apreciada pelo plenário, sem a necessidade de ser deliberada na CCJ e comissão especial.

Redução da jornada a 36 horas semanais em 10 anos - PEC 221/19, do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), altera o art. 7º, XII, da constituição, para reduzir a jornada de trabalho a 36 horas semanais, em 10 anos. Tramitação: aguarda designação de relator na CCJC. Caso seja admitida, a proposta será apreciada por comissão especial, antes de seguir para o plenário.

Redução da jornada de trabalho seminal - PEC 148/15, do senador Paulo Paim (PT-RS) e outros, altera o inciso XIII do art. 7º da Constituição Federal, para reduzir a jornada de trabalho semanal. Tramitação: aguarda a deliberação do parecer do relator, senador Rogério Carvalho (PT-SE) pela aprovação da proposta com emendas, na CCJ. Após, a matéria segue para o plenário.

Organização sindical - PEC 314/04, do deputado Ivan Valente (PSol-SP) e outros, dispõe sobre a organização sindical e dá outras providências. Tramitação: aguarda parecer do relator, deputado Kim Kataguiri (União-SP), na CCJ. Caso seja admitida, a proposta será apreciada por comissão especial antes de seguir para o plenário.

Recebimento pelas centrais de parcela da arrecadação das contribuições sindicais - PEC 531/10, ex-deputado Flávio Dino (PCdoB-MA), altera dispositivos constitucionais para prever o recebimento pelas centrais sindicais de parcela da arrecadação oriunda das contribuições sindicais. Tramitação: aguarda parecer do relator, deputado Kim Kataguiri (União-SP), na CCJ. Caso seja admitida, proposta será apreciada por comissão especial antes de seguir para o Plenário.

Competência penal à Justiça do Trabalho - PEC 327/09, do ex-deputado Valtenir Pereira (MDB-MT), modifica o inciso IX e acrescenta os incisos X a XIII ao art. 114, e revoga parcialmente o inciso VI do art. 109 da Constituição, para conferir a competência penal à Justiça do Trabalho, especialmente em relação aos crimes contra a organização do Trabalho, os decorrentes das relações de trabalho, sindicais ou do exercício do direito de greve, a redução do trabalhador à condição análoga a de escravo, aos crimes praticados contra a administração da Justiça do Trabalho e a outros delitos que envolvam o trabalho humano. Tramitação: aguarda parecer do relator, deputado Kim Kataguiri (União-SP), na CCJ. Caso seja admitida, proposta será apreciada por comissão especial antes de seguir ao plenário.

Direitos do Trabalho - PLP 199/24 autoriza estados e DF a legislar sobre questões específicas de Direito do Trabalho. A proposta foi apresentada pelo deputado Luiz Filipe de Orleans e Bragança (PL-SP). Tramitação: matéria aguarda despacho para as comissões da Câmara dos Deputados.

Estatuto das Cooperativas - PL 537/19, do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), institui o Estatuto Profissional dos Trabalhadores Celetistas em Cooperativas. Tramitação: aguarda apresentação de parecer do relator, senador Paulo Paim (PT-RS) na CAS.

Contribuição Assistencial - PL 2.830/19, do senador Styvenson Valentim (Podemos-RN), que modifica o art. 883-A da CLT, proposta inicial busca reduzir de 45 para 15 dias o prazo a partir da citação do executado para que sofra protesto e inscrição de nome em órgãos de proteção ao crédito, em razão de decisão condenatória na Justiça do Trabalho. Tramitação: projeto foi aprovado na CAS, sem alterações no mérito. Porém, durante a tramitação no segundo colegiado — CCJ — o relator, senador Rogério Marinho (PL-RN) apresentou parecer com emenda, sobre a cobrança da contribuição pelos sindicatos. O parecer foi aprovado no colegiado e em seguida foi aberto prazo para apresentação de recurso contra a decisão terminativa. O senador Jaques Wagner (PT-BA) foi autor do Recurso 8/24 para que o projeto passe pela análise plenário da Casa. Houve prazo para apresentação de emendas ao projeto em plenário. O senador Paulo Paim (PT-RS) apresentou a emenda # 2 de plenário, que busca regulamentar a cobrança da contribuição assistencial garantindo o direito de oposição dos não filiados. A proposta foi encaminhada para análise da emenda na CAS, onde aguarda designação de relator.

Contribuição Assistencial - PL 2.099/23, do senador Styvenson Valentim (Podemos-RN), que altera o art. 578 da CLT, para vedar a exigência de contribuição sindical de membros de categorias econômicas e profissionais não sindicalizados. Tramitação: projeto teve como relator na CAE, o senador Rogério Marinho (PL-RN), que apresentou parecer com 3 emendas, para regulamentar a taxa dificultando a forma de cobrança, que caracteriza prática antissindical. No colegiado, a matéria foi aprovada com votos contrário do senador Paulo Paim (PT-RS), Tereza Leitão (PT-PE) e Jaques Wagner (PT-BA). A proposta foi encaminhada à CAS, cujo relator é o senador Paulo Paim.

(*) Analista político licenciado do Diap, jornalista, especialista em Política e Representação Parlamentar e sócio-diretor da Contatos Assessoria Política.

FONTE: DIAP

IMAGEM: FGV

Para a 6ª Turma, a medida foi nitidamente discriminatória

Resumo:

  • Em junho de 2016, uma prestadora de serviços demitiu 11 técnicas de enfermagem e contratou 19 homens para substituí-las.
  • A alegação da empresa era de que um novo contrato de terceirização exigia formação dos empregados também como bombeiros civis. Mas o curso foi oferecido somente para os homens.
  • Na ação, seis trabalhadoras alegaram que a dispensa foi discriminatória, baseada apenas no fato de serem mulheres.
  • O marcador de gênero foi reconhecido pela 6ª Turma do TST, que constatou que a empresa poderia ter investido na habilitação também das mulheres para as exigências do novo contrato, em vez de dispensá-las.

9/1/2025 - A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Resgate Treinamentos Ltda., de Parauapebas (PA), por dispensar todas as 11 técnicas de enfermagem mulheres de seu quadro funcional e contratar homens em seu lugar. A empresa deverá pagar R$ 5 mil de indenização a seis dessas trabalhadoras, que recorreram à Justiça sustentando serem vítimas de discriminação de gênero.

Homens fizeram curso, e mulheres foram demitidas

Na ação, as técnicas de enfermagem disseram que foram demitidas em junho de 2016 “pelo simples fato de serem mulheres” e substituídas por homens. Segundo seu relato, a empresa submeteu todos os técnicos de enfermagem homens a um treinamento de bombeiro civil e os promoveu, contratando 19 novos empregados para substituí-las.

Elas também sustentaram que os homens sabiam o que aconteceria, e elas não. Diante do boato sobre a substituição, os colegas davam indiretas como “o que você ainda está fazendo aqui?", "cuidado que os novos técnicos estão chegando!" e "não foi demitida ainda?".

Em sua defesa, a empresa alegou que é prestadora de serviços e que uma mudança de contrato exigiu a contratação de empregados que pudessem acumular as funções de bombeiro civil e de técnico de enfermagem. Argumentou, ainda, que no mesmo período também dispensou homens. 

Para instâncias anteriores, empresa exerceu seu poder diretivo

O juízo de primeiro grau negou o pedido de indenização. De acordo com a sentença, o empregador tinha duas opções, dentro de sua discricionariedade: oferecer formação aos atuais empregados ou renovar seu quadro. “Esta segunda opção, com menores custos, não retrata dispensa discriminatória, pois o empresário está buscando preservar a continuidade da atividade”, concluiu o juiz.

A sentença foi mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (PA/AP), por entender que não há previsão legal expressa de proporcionalidade na dispensa de homens e mulheres. Ainda de acordo com o TRT, a empresa não está obrigada a oferecer cursos às empregadas.

No recurso de revista, as trabalhadoras argumentaram que a prestadora de serviços demitiu todas as 11 mulheres do seu quadro, enquanto, dos 42 homens, apenas três foram dispensados. Segundo elas, a empresa não optou por buscar pessoas mais capacitadas a exercer o maior número de funções: em vez disso, capacitou por conta própria os homens que havia na empresa e ainda outros 19 contratados em substituição a elas, “sem qualquer outro critério além do sexo”. 

Dispensa teve inequívoco marcador de gênero

Contextualizando o caso de acordo com o Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a relatora, ministra Kátia Arruda, concluiu que a dispensa teve um inequívoco marcador de gênero. “A busca pelo melhor quadro de pessoal possível, com pessoas que possam acumular funções, não poderia incluir as mulheres?”, questionou. “E se a obtenção do curso de bombeiro civil era imprescindível para manter o emprego, porque a empresa o ofertou quase que exclusivamente aos homens? E por que, mesmo oferecendo o curso a duas mulheres, nenhuma permaneceu no emprego?”

A relatora assinalou que a Constituição Federal proíbe diferenciações no trabalho “por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil”. No mesmo sentido, a Lei 9.029/1995 busca coibir práticas discriminatórias em matéria de trabalho, enquanto a CLT, ao listar práticas que constituem discriminação contra a mulher (artigo 373-A), destaca a utilização do sexo como fator motivador para dispensa ou variável determinante para fins de formação profissional.

Outro fundamento de seu voto foi a Convenção 111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada pelo Brasil, que combate a discriminação em matéria de emprego e profissão. O conceito de discriminação, segundo ela, inclui a discriminação indireta, que decorre de um dispositivo, prática ou critério aparentemente neutro, mas que, quando aplicado, acarreta uma desvantagem velada. 

A decisão foi unânime.

FONTE: TST

IMAGEM: BRAM/DIVULGAÇÃO

Conselho diretor do fundo setorial priorizou R$ 1,6 bilhão para construção dos 4 petroleiros e mais de R$ 7 bilhões para novos PSVs, OSRVs e RSVs. Prioridades de financiamento superaram R$ 10 bilhões

O Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM) aprovou aproximadamente R$ 10,5 bilhões em prioridades de financiamento para o setor naval, na 57ª reunião ordinária, realizada na semana passada. Desse montante, cerca de R$ 9,5 bilhões correspondem a valores priorizados para a atividade de construção naval. Os destaques desta rubrica foram R$ 7,3 bilhões para o segmento de apoio marítimo e R$ 1,9 bilhão para o segmento de carga — incluindo os 4 novos petroleiros da Transpetro. Outros R$ 305 milhões são destinados a obras no segmento de apoio à navegação.

No apoio marítimo, a Bram Offshore obteve duas prioridades: uma para construção de 6 OSRVs (combate ao derramamento de óleo) no valor de R$ 2,3 bilhões, e outra no valor de R$ 755 milhões, para a construção de 2 PSV-5.000 TPB (transporte de suprimentos). As duas demandas estão previstas para o Navship, estaleiro do grupo Edison Chouest em Itajaí (SC).

A Starnav recebeu prioridade para a construção de 4 PSV-5.500 TPB multipropósito, modelo multipurpose DBL Green Line Hyd-E, no estaleiro Detroit Brasil (SC), com valor total de R$ 1,4 bilhão. Já a Ocyan tem R$ 2,8 bilhões priorizados para a construção de 4 RSV-5500, no estaleiro Enseada (BA).

No apoio à navegação, foram priorizados R$ 247,6 milhões para a Petrocity Navegação relativos ao projeto de construção de 4 rebocadores 2.800 W, no Estaleiro Rio Maguari (PA). Outros R$ 30 milhões para a Portoágil Logística SPE estão associados à construção de uma balsa guindaste, no Estaleiro Rio Maguari (PA). O CDFMM aprovou ainda prioridade de R$ 27,3 milhões para a Quoos & Quoos Indústria Comércio e Exportação construir um empurrador fluvial de 2.800 HP e um empurrador fluvial de 1.200 HP, no Estaleiro Juruá (AM).

Transpetro

O destaque do segmento de carga foi a prioridade de R$ 1,6 bilhão, que correspondem a US$ 278 milhões, voltados para a construção dos 4 navios Handy para transporte de derivados claros de petróleo, os primeiros do programa de renovação da frota da Transpetro (TP 25). A previsão é que os cascos das embarcações sejam construídos no Estaleiro Rio Grande (RS), do grupo Ecovix, e finalizadas no estaleiro Mac Laren, em Niterói (RJ). As duas empresas consorciadas venceram a licitação da Transpetro e têm expectativa de assinar o contrato em janeiro de 2025.

No segmento de carga, o conselho diretor do FMM aprovou prioridade de R$ 156 milhões para a Cidade Transportes (CT LOG Transportes Ltda) fabricar 30 barcaças graneleiras com capacidade de carga de 3.000 toneladas, sendo todas as barcaças tipo racked, no Estaleiro Juruá (AM). A Quoos & Quoos Indústria Comércio e Exportação recebeu prioridade de R$ 127,3 milhões para a construção de 27 balsas graneleiras, 1 balsa de carga geral com 80 metros de comprimento e 1 balsa de carga geral com 50m de comprimento, também no estaleiro Juruá.

A Cianport (Companhia Norte de Navegação e Portos) obteve prioridade de R$ 66,7 milhões para a construção de 12 barcaças graneleiras com capacidade de carga de 3.500 toneladas, sendo 8 barcaças tipo racked e 4 barcaças tipo box, no DMELO Service Construção de Embarcações de Grande Porte. Também foram priorizados R$ 24,3 bilhões para a Belov Obras Portuárias construir 1 balsa em seu estaleiro na Bahia.

O CDFMM também aprovou R$ 465,1 milhões que envolvem R$ 247,6 milhões entre conversões e modernizações, R$ 156,7 milhões entre docagens, reparos e manutenção de embarcações, além de R$ 60,8 milhões para obras de infraestrutura portuária. Além dos novos projetos, foram reapresentados 20 projetos, totalizando R$ 2,1 bilhões, relativos a pedidos de extensão de prazo e alteração do estaleiro executor.

Conversões e modernizações

A Bram Offshore recebeu duas prioridades, uma envolvendo a modernização de 10 embarcações, sendo 1 AHTS (Mr. Chafic), 2 PSVs (Jack Edwards e Bram Buck), 2 RSVs (Bongo e Deborah Kay) e 5 OSRVs (C-Viking, CWarrior, Mr. Sidney, Ms. Virgie e Corcovado), no Navship (SC), com valor total de R$ 105,4 milhões. Outra, no valor de R$ 34,8 milhões, para a conversão de 2 PSVs (Bram Búzios e Roger White) em ORSV, também no Navship.

A Wilson Sons obteve prioridade de R$ 73,2 milhões para a modernização de 4 rebocadores (Alphard, Draco, Atria e Hadar), no estaleiro do grupo, no Guarujá. Para a OceanPact foram priorizados R$ 21,6 milhões para a modernização do PSV Ilha de Santana, no Estaleiro Dock Brasil (RJ) e R$ 3,9 milhões para a modernização do OSRV Fernando de Noronha, no Estaleiro Mauá (RJ). O conselho também aprovou prioridade de R$ 8,7 milhões para a Umi San, referentes à modernização da embarcação hidrográfica, Santa Edwiges, no Estaleiro Oceano Consultoria e Serviços Navais.

Docagem/Reparo/Manutenção de embarcações

A Bram Offshore conseguiu prioridade para o reparo de 8 embarcações, sendo 2 AHTS (Olin Conqueror e Bram Atlas), 2 OSRVs (C-Viking e CWarrior), e 4 PSVs (Santos Solution, Thor Supplier, Santos Sailor e Santos Supporter), no Navship, com valor total de R$ 76,7 milhões.

A OceanPact recebeu 5 prioridades, sendo uma de R$ 22,1 milhões para docagem do PSV Ilha do Mosqueiro, outra de R$ 14,3 milhões para docagem do AHTS-TO (Rochedo de São Pedro), outra de R$ 12,3 milhões para docagem do RV Ocean Stalwart e R$ 19,9 milhões priorizados para reparo, docagem e manutenção do RSV Parcel dos Reis. Esses serviços estão previstos para o Estaleiro Mauá (RJ). A outra prioridade, de R$ 4,7 milhões, compreende a docagem do OSRV Ilha das Flechas, no Estaleiro São Miguel (RJ).

A Posidonia Shipping obteve duas prioridades, sendo uma de R$ 5,1 milhões para a docagem da embarcação de carga Posidonia Bravo e outra de R$ 1,6 milhão para docagem do rebocador, Posidonia Orion. Os dois serviços estão previstos para serem executados no Estaleiro Atlântico Sul, em Ipojuca (PE).

Obras de Infraestrutura Portuária

O conselho diretor aprovou prioridade de financiamento para dois projetos de infraestrutura portuária. Um deles para a Portoágil Logística SPE construir um 1 terminal flutuante, no Estaleiro Rio Maguari, com valor total de R$ 35,6 milhões. A outra, de R$ 25,2 milhões, foi concedida para a Quoos & Quoos e é relativa à construção de uma balsa com moega para transbordo de carga e um sistema de fundeio para balsas, no estaleiro Juruá.

FONTE: Portos e Navios – Danilo Oliveira

IMAGEM: SÉRGIO LIMA/PODER360

A partir de fevereiro, quando se inicia a terceira sessão legislativa do Congresso Nacional, o Poder Legislativo reinicia os trabalhos, com as eleições dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. E, ainda, dos demais membros das respectivas mesas diretoras de ambas as casas legislativas.

O presidente eleito do Senado preside também o Congresso, que reúne as 2 casas legislativas — Câmara e Senado.

Já há amplo acordo e consenso entre os partidos, tanto na Câmara — que deve eleger para dirigir a Casa, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) —, quanto ao Senado, cujo candidato virtualmente eleito é Davi Alcolumbre (União-AP), que atualmente preside a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Comissões permanentes
Ambas as casas — Câmara e Senado — irão eleger também os presidentes das comissões temáticas. Na Câmara, a eleição que renova as mesas diretoras dos colegiados permanentes é anual. No Senado, é de 2 em 2 anos.

Dia 1º de fevereiro, sábado, Câmara e Senado irão eleger, respectivamente, os presidentes das casas e ainda os demais membros das mesas diretoras. Na segunda-feira (3), o Congresso se reúne, em sessão solene, para reiniciar os trabalhos legislativos.

Calendário das eleições
O calendário de sessões para a eleição das mesas diretoras do Congresso Nacional e início oficial dos trabalhos legislativos foi definido. Acompanhe os detalhes:

  • Eleição para presidente do Senado: 1º de fevereiro (sábado), às 19h, no plenário;

  • Eleição para os demais membros da Mesa Diretora: 1° de fevereiro (sábado), às 11h, no plenário;

  • Eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados: 1° de fevereiro (sábado), 16h, no plenário; e

  • Sessão solene do Congresso Nacional para reinício dos trabalhos legislativos: 3 de fevereiro (segunda-feira), às 15h, no plenário da Câmara.

FONTE: DIAP

IMAGEM: 

 

Necessária estratégia para a retomada dos estaleiros e da indústria naval brasileiros, sob pena de elevar custos e prazo

Matéria da Bloomberg publicada semana passada mostra que os grandes construtores de embarcações mundiais estão com a maior carteira de pedidos desde 2007; 2 dos 3 maiores estaleiros dizem que os clientes deverão esperar até 2028 para receber uma encomenda. Além disso, estão selecionando as embarcações que dão mais lucro. O aumento do comércio e a modernização da frota, com idade média de 17 anos, a mais elevada desde 2005, impulsionam os pedidos.

“Essa matéria da Bloomberg, demonstrando a forte concentração de encomendas de estaleiros no mundo, leva a cada vez pensarmos em estratégias de retomada progressiva da indústria brasileira, sob pena de aumento de prazos e custos”, avalia Wagner Victer, ex-secretário de Indústria Naval e Petróleo do Rio de Janeiro.

A pandemia mostrou o perigo estratégico de pensar como guarda-livros, deixando países – entre eles o Brasil – com dificuldades em obter insumos, produtos e equipamentos. Deixar o país se guiar pela lógica da vantagem competitiva é menosprezar riscos geopolíticos e ganhos econômicos.

O governo Lula está, aos poucos, reerguendo a indústria naval. No passado, nossos estaleiros e fornecedores já deram demonstração de competência e capacidade de atender às necessidades brasileiras. E não apenas no passado recente, com os governos do PT, mas anteriormente, no governo JK (implantando políticas desenhadas por Getúlio Vargas) e Geisel.

A ineficiência não é dos estaleiros

Apesar do passado vitorioso, o lobby contra a produção nacional de embarcações e plataformas de petróleo é insistente. Em editorial publicado semana passada, O Globo – cuja sede é no Rio de Janeiro – ataca um dos mais importantes setores industriais do estado. Com mistura de argumentos ideológicos e meias-verdades, o jornalão da Família Marinho diz que os estaleiros instalados no Brasil têm ineficiência crônica e não conseguem ser competitivos diante dos fornecedores externos – de uma vez só, externando o complexo de vira-latas e escamoteando os subsídios estatais dados aos estaleiros asiáticos.

A mesma lógica, porém, não é usada quando se trata do próprio Grupo Globo. A empresa esteve na linha de frente da defesa da desoneração da folha – eufemismo para recolher menos contribuição previdenciária – para 17 setores, entre eles o de comunicação, na qual o Globo está incluído. Levantamento feito pelo PT mostra que a Globo Comunicação e Participações S/A deixou de pagar, de janeiro a agosto de 2024, R$ 150 milhões graças à desoneração. A Editora Globo obteve mais R$ 19,2 bi em subsídios.

Anualizando estes valores, serão cerca de R$ 253 bilhões até o final do ano. Como a desoneração foi criada em 2011, nestes 13 anos pode-se estimar que o Grupo Globo se beneficiou de mais de R$ 3 bilhões.

Ao contrário dos estaleiros brasileiros, que empregaram de forma direta mais de 80 mil trabalhadores nos anos dos governos Lula e Dilma, os setores beneficiados pela desoneração da folha reduziram sua participação no mercado de trabalho: estudo de Marcos Hecksher, coordenador do Diset/Ipea, revelou que os setores beneficiados reduziram – entre 2012 e 2022 – sua participação na população ocupada (de 20,1% para 18,9%), entre os ocupados com contribuição previdenciária (de 17,9% para 16,2%) e entre os empregados com carteira assinada do setor privado (de 22,4% para 19,7%).

FONTE: Marcos de Oliveira – Monitor Mercantil

IMAGEM: Rodrigo Felix Leal/SEIL

Acumulado de janeiro a novembro de 2024 representa uma movimentação de 1,2 bilhão de toneladas de cargas

A movimentação portuária no país, no acumulado de janeiro a novembro de 2024, chegou a 1,2 bilhão de toneladas de cargas. Os dados do Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) apontam ainda que a movimentação do mês de novembro chegou a 100,6 milhões de toneladas de cargas (-5,21%).

Em novembro, as cargas que tiveram o maior destaque percentual foram: Coque de Petróleo com crescimento de 80,94% e movimentação de 0,7 milhão de toneladas; Carvão Mineral que atingiu uma alta de 32,22% e movimentação de 1,7 milhão; e Pasta de Celulose que avançou 26,65% e movimentou 2 milhões de toneladas.

Principais destaques

Durante o penúltimo mês do ano de 2024, dois tipos de cargas se destacaram em relação ao crescimento percentual: as cargas gerais e as conteinerizadas. A primeira apresentou alta de 21,57% e movimentação de 5,7 milhões de toneladas.

Por sua vez, as cargas conteinerizadas atingiram alta de 5,93% e movimentação de 11,6 milhões de toneladas de cargas. Isso representa 1,1 milhão de TEUs movimentados, um crescimento de 12,23%. Desse total, 0,8 milhão de TEUs foram movimentados em longo curso e 0,3 milhão por cabotagem. Esse tipo de carga apresentou evoluções positivas durante quase todo o ano passado.

Cargas e Navegação

Em relação aos granéis sólidos a movimentação atingiu 59,6 milhões de toneladas (-5,40%) e os granéis líquidos chegaram a 23,7 milhões de toneladas (-13,79%).

Por sua vez, a movimentação de cargas de longo curso foi de 74,3 milhões de toneladas no mês, a cabotagem atingiu uma movimentação de 22,5 milhões de toneladas e a navegação interior chegou a 3,7 milhões de toneladas em novembro.

Portos Públicos

Os portos públicos movimentaram 34,6 milhões de toneladas no penúltimo mês de 2024. O número representa um decréscimo de 8,35% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

O porto com o maior crescimento do mês, entre os 20 que mais movimentam cargas no país, foi o Porto de Santarém (PA), com 0,9 milhão de toneladas, registrando um aumento de 97,41% frente ao mesmo período de 2023.

Terminais Privados

Nos terminais autorizados houve uma queda de 3,47% na movimentação em relação a novembro do ano passado. O setor movimentou 66 milhões de toneladas de cargas.

Já o destaque percentual, entre os 20 TUPs que mais movimentaram no mês, fica para o Terminal Marítimo Ponta Ubu (ES), que registrou crescimento de 70,96%, com 1,1 milhão de toneladas de cargas.

FONTE: ANTAQ

IMAGEM: BRAM OFFSHORE

O secretário Nacional de hidrovias e navegação, Dino Antunes Batista, defendeu a manutenção do Registro Especial Brasileiro (REB) no texto da Reforma Tributária (PLP 68/2024), que tramita no Congresso. Ele considera a preservação do benefício atualmente um dos principais temas da pauta de discussões setoriais com os parlamentares. Batista ressalta que esse dispositivo é fundamental para a construção naval, na medida em que existe uma relação ‘umbilical’ desta atividade com a navegação que não pode ser interrompida.

“Se a gente não conseguir manter a questão do REB, é a morte da indústria da construção naval e a morte da indústria da construção naval prejudica também a navegação”, alertou Batista, durante o seminário ‘O aprimoramento de sistemas de fomento à navegação interior brasileira’, promovido pela Frente parlamentar da navegação no interior, na Câmara dos Deputados, em novembro.

Na ocasião, o vice-presidente da frente, deputado federal Saullo Viana (União-AM), disse que foi alertado pelo setor da navegação sobre o risco da retirada dos benefícios do REB do texto em discussão no Senado. Vianna acrescentou que a frente vai discutir o tema com o relator da matéria, o senador Eduardo Braga, a fim de manter o dispositivo no texto da regulamentação da reforma.

Nos últimos meses, representantes de segmentos da navegação, estaleiros e marítimos vêm apontando para o risco de impactos negativos da Reforma Tributária proposta pela Câmara de Deputados na navegação brasileira e na construção naval. Entidades setoriais dessas categorias se manifestaram alertando que o atual texto do PLP-68/2024, em discussão no Congresso, contém propostas que ameaçam a competitividade dessas atividades, com consequências para a soberania, segurança energética, economia e geração de empregos.

Estaleiros e entidades do setor de navegação entendem que o REB representa um pilar estratégico na política pública voltada para o fomento e o desenvolvimento da marinha mercante nacional, desempenhando um papel crucial na consolidação de uma infraestrutura marítima robusta e competitiva, garantindo a ampla desoneração fiscal da cadeia de construção, manutenção e reparo de embarcações pré-registradas ou registradas no REB. O dispositivo, instituído pela Lei 9.432/1997, marco regulatório da navegação brasileira, prevê que vigora a desoneração fiscal nas cadeias de construção, reparação e modernização da embarcação inscrita no regime tributário especial.

O Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma) avalia que, apesar do impacto positivo do marco regulatório na frota brasileira de embarcações de apoio marítimo, o setor continua atento na defesa do arcabouço legal e do ambiente de negócios edificado há quase 30 anos. O entendimento é que, no atual ciclo de crescimento do segmento, o setor já experimenta grandes desafios, como na regulamentação da Reforma Tributária (PLP 68/2024), que exigiu a mobilização para preservação da competitividade da bandeira brasileira, mantendo benefícios do REB instituído pela Lei 9.432/97.

“Na dura batalha junto ao Congresso, o setor produtivo se mobilizou — como há muito não se via — e armadores e construtores, além dos trabalhadores, vêm trabalhando unidos em prol da bandeira brasileira e do desenvolvimento do país”,  comentou o presidente do Syndarma, Gustavo Machado, que também é presidente da Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam), durante evento de comemoração dos 90 anos do Syndarma, no final de outubro, no Rio de Janeiro (RJ).

Machado destaca que o desenvolvimento da navegação de apoio marítimo no Brasil se deu a partir da edição da Lei 9.432/97, marco regulatório da navegação, consagrando a política pública de desenvolvimento da frota nacional e confirmando a prioridade de emprego da bandeira brasileira, delineada pela Constituição Federal de 1988. Ele considera que a legislação, junto à demanda induzida pela Petrobras, contribuiu para montar a equação de fomento para construção de embarcações no Brasil e a constituição de frota própria, protegendo da investida de terceiros com interesses “particulares, imediatistas e sem qualquer compromisso com a navegação brasileira”.

O presidente do Syndarma/Abeam acredita que a Petrobras entendeu novamente a necessidade estratégica da frota nacional e celebrou o anúncio de licitações da companhia para novas construções no Brasil, com uma demanda de 30 embarcações de apoio marítimo. O primeiro processo tem regras semelhantes aos programas de renovação da frota de apoio marítimo (Prorefam) e prevê a construção e afretamento de 12 PSVs (transporte de suprimentos) de grande porte.

As regras atuais estão atreladas a contratos operacionais de até 12 anos, 40% de conteúdo local, além de possibilitar o emprego de novas tecnologias, engajando a frota nas medidas de descarbonização. “Para as próximas rodadas de licitações, estão previstos mais 10 OSRV (combate a derramamento de óleo) e oito RSV (embarcações equipadas com robôs). As empresas [brasileiras de apoio marítimo] se preparam para apresentar suas propostas”, afirma Machado.

Para o Syndarma/Abeam, o marco regulatório da navegação brasileira e a legislação associada instituíram regras claras e favoráveis para o ambiente de negócios, atraindo investimentos para o país. Em menos de 25 anos, foram construídas em estaleiros brasileiros cerca de 250 embarcações de variados tipos, desde unidades para movimentação de pessoas e cargas, até embarcações mais sofisticadas como AHTS (manuseio de âncoras), gerando milhares de empregos na indústria da construção naval e no setor de navegação.

A indústria de petróleo e gás representa hoje 15% do PIB industrial brasileiro e 97% da exploração e produção acontecem nos campos marítimos. “O robusto arcabouço regulatório, o necessário suporte governamental, o empenho da Petrobras e, nesse momento, a boa disposição das demais operadoras e empresas de serviços contratantes das embarcações de apoio marítimo fazem dessa modalidade de navegação o último elo direto da cadeia produtiva de energia no mar”, ressalta Machado.

“São embarcações brasileiras relativamente jovens, tecnologicamente sofisticadas, estado da arte, e capazes de atender às demandas com competências em águas rasas, profundas e ultraprofundas”, destaca Machado. O Syndarma/Abeam estima que, em toda cadeia produtiva dos estaleiros, foram aportados quase US$ 11 bilhões, aproximadamente 50% dos recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM) desembolsados nos últimos anos para desenvolver a frota de apoio marítimo de bandeira brasileira. “Nossa frota ostenta a sexta posição de maior frota de apoio marítimo do mundo. Desconsideradas as bandeiras de conveniência, só ficamos atrás em número de embarcações dos EUA e da China”, salienta.

Estaleiros temem que a dinâmica financeira de novas construções de navios de grande porte seja impactada pelo PLP 68/2024. A avaliação é que, caso não seja mantida a desoneração tributária existente, a nova tributação sobre o consumo passará a ter uma carga de 26,5%. Além disso, os serviços contratados, também parte importante do custo total, terão a tributação majorada, de 9% a 14% — a depender do regime de tributação, para os mesmos 26,5%. O entendimento é que essa carga pode cair sobre todo o material que vier a ser adquirido, incluindo as máquinas, equipamentos, partes e peças.

O Sinaval ressalta que a dinâmica financeira como funciona hoje é típica das aquisições de bens de capital de alto valor agregado. Os navios são bens de capital que possuem um ciclo de produção bastante alongado, inclusive se comparado a outros bens de capital. Embarcações construídas no Brasil, a depender de seu porte, podem ter ciclos de produção que podem atingir até 48 meses.

Por exigirem investimentos vultosos, as embarcações são construídas sob encomenda e o estaleiro não financia as construções com recursos próprios. A empresa de navegação contrata financiamento para a construção e, com estes recursos, realiza adiantamentos ao estaleiro durante todo o ciclo produtivo, de modo que, quando o faturamento da embarcação é realizado, o preço já foi, em grande parte, pago ao estaleiro.

O sindicato alerta para o risco de geração de aumento no custo da embarcação e complexos impactos de fluxo de caixa, os quais representarão um verdadeiro desestímulo à aquisição de embarcações no país. “Embora não se ignore que estes tributos serão recuperáveis no modelo do IVA, estes aumentos nos preços dos fornecedores terão que ser acrescidos à dívida contratada pela empresa de navegação e financiados por todo o período da construção”, informa o Sinaval à Portos e Navios.

Outra consequência importante, na avaliação dos estaleiros, é que esse aumento de custo reduz a competitividade das embarcações brasileiras em relação às produzidas no mercado externo, que conta com polos de indústria naval com fortes subsídios governamentais. O Sinaval acrescenta que a própria sistemática da reforma tributária, por si só, já gera uma ampla desoneração das embarcações importadas.

Os cenários tributários aplicados nas indústrias naval e de petróleo e gás foram discutidos, em outubro, no seminário ‘Reforma Tributária & Reflexos na Economia do Mar’, no IBMEC, no Rio de Janeiro (RJ). O evento, voltado à discussão de melhores práticas para uma aplicação eficiente, contou com a participação de 42 empresas e 23 entes associados do Sinaval e da Associação Brasileira das Empresas da Economia do Mar (Abeemar).

O Sinaval e entidades do setor de navegação entendem que o Registro Especial Brasileiro representa um pilar estratégico na política pública voltada para o fomento e o desenvolvimento da marinha mercante nacional, desempenhando um papel crucial na consolidação de uma infraestrutura marítima robusta e competitiva, garantindo a ampla desoneração fiscal da cadeia de construção, manutenção e reparo de embarcações pré-registradas ou registradas no REB. O dispositivo, instituído pela Lei 9.432/1997, marco regulatório da navegação brasileira, prevê que vigora a desoneração fiscal nas cadeias de construção, reparação e modernização da embarcação inscrita no regime tributário especial.

Para evitar efeitos adversos, o Sinaval propôs a parlamentares algumas alterações no texto do PLP 68/2024, que tramita na Câmara, com objetivo de garantir a manutenção da desoneração da cadeia de produção da construção naval, conforme já ocorre atualmente e com observância dos mandamentos constitucionais introduzidos pela emenda constitucional (EC 132/2023).

Uma das propostas prevê incluir uma nova seção no capítulo que trata dos regimes dos bens de capital, instituindo a suspensão da CBS/IBS sobre a aquisição de embarcações registradas ou pré-registradas no REB, desde que construídas no Brasil. A suspensão seria convertida em alíquota zero quando da incorporação da embarcação à frota do adquirente. A mesma seção garantiria também a possibilidade de aquisição de bens e serviços para a manutenção e reparo das embarcações registradas no REB. Esta garantia encontra paralelo no regime do Reporto, incluído no PLP 68/2024 pelo governo federal, que estende o regime à aquisição de peças de reposição.

Os construtores navais sugerem ainda que seja adicionado à seção dos ‘Regimes de Aperfeiçoamento’ um dispositivo para inclusão da previsão de equiparação à exportação contida na Lei federal 8.402/1992, que trata de incentivos fiscais, garantindo a manutenção do regime aduaneiro especial atípico do ‘Drawback Embarcação’ para CBS/IBS. Outro entendimento é a necessidade de inclusão de um dispositivo para expressamente excepcionar os veículos propulsados pesados aquáticos (embarcações) da regra que admite a importação de bens de capital com desoneração de IBS e CBS. Também está na lista de sugestões do setor a supressão do artigo 481 do PLP 68/2024, considerado incompatível com a política de desenvolvimento da marinha mercante nacional.

Um outro efeito danoso apontado é a chance de aumento do afretamento de embarcações estrangeiras, reduzindo a geração de receitas internas e, em contrapartida, elevando a remessa de recursos. O Sinaval também verifica risco de desestímulo ao desenvolvimento tecnológico, visto que a redução da construção e operação de embarcações contribuirá para redução dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) realizados pelos estaleiros e empresas de navegação.

O Sinaval argumenta que, caso o PLP 68/2024 seja mantido como está, no que se refere ao REB, postos de trabalho serão perdidos e/ou não gerados na ampla cadeia da indústria naval — seja na construção ou reparação naval, seja na operação das embarcações. “Haverá redução da tonelagem da frota brasileira com impacto na participação nacional nos fóruns internacionais que discutem questões como combustíveis alternativos para o setor marítimo”, alerta o sindicato.

FONTE: Portos e Navios – Danilo Oliveira

IMAGEM: Foto: Ricardo Stuckert

CTB, CUT, Força, UGT, NCST, CSB, Intersindical e Pública emitem nota na qual salientam que a democracia está em permanente construção e deve ser cultivada e aprimorada sempre

As centrais sindicais emitiram nota, nesta quarta-feira (8), em que defendem a democracia e a não anistia aos golpistas que tentaram, pela violência, tomar o poder em 8 de janeiro de 2023, estimulados pelo bolsonarismo.

“Insistentes reflexos de um passado recente, o bolsonarismo saudoso da ditadura militar, nos alertam para o fato de que a democracia é um sistema em permanente construção, que deve ser cultivado e aprimorado sempre”, aponta o documento assinado por dirigentes sindicais da CTB, CUT, Força, UGT, NCST, CSB, Intersindical e Pública.

A nota destaca, ainda, que os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 “partiram de grupos que não aceitaram a eleição de um governo pela maioria dos brasileiros através do voto, esse direito tão duramente conquistado. Eles almejavam impor, de forma autoritária e violenta, uma ordem paralela. Como descobrimos recentemente, estavam articulados com uma grande conspiração cujo objetivo era repetir o abominável golpe de 1º de abril de 1964”.

Leia abaixo a íntegra da nota.

Nota das centrais sindicais

Há quarenta anos, a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral, em janeiro de 1985, inaugurava um novo período para o Brasil e seu povo trabalhador: a redemocratização. Embora eleito por via indireta, Tancredo foi o primeiro presidente civil após o golpe de 1964. Sua eleição marcou o fim da ditadura militar brasileira.

Hoje, 8 de janeiro de 2025, resgatar esta memória reforça nossa consciência sobre o valor de vivermos em um país onde a população é livre para se organizar, para se expressar, para reivindicar mais direitos e melhores condições de vida.



Vivemos, desde 1985, o maior período de democracia, com as instituições funcionando e os movimentos sindical e popular podendo atuar com liberdade.

Entretanto, insistentes reflexos de um passado recente, o bolsonarismo saudoso da ditadura militar, nos alertam para o fato de que a democracia é um sistema em permanente construção, que deve ser cultivado e aprimorado sempre.



Os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, partiram de grupos que não aceitaram a eleição de um governo pela maioria dos brasileiros através do voto, esse direito tão duramente conquistado. Eles almejavam impor, de forma autoritária e violenta, uma ordem paralela. Como descobrimos recentemente, estavam articulados com uma grande conspiração cujo objetivo era repetir o abominável golpe de 1º de abril de 1964.

As instituições democráticas falaram mais alto e, naquele momento, agiram para debelar a usurpação de poder que assombrava a capital federal.

Todos nós devemos nos envolver nesta causa que é a defesa da democracia, sem relativizá-la em falsas interpretações. É preciso fortalecer os partidos políticos, o movimento social, as organizações de trabalhadores e as instituições que organizam nosso país. Mesmo com todos os desafios que ela apresenta, só em uma democracia podemos lutar e conquistar juntos a valorização do trabalho e o avanço social e humano.

Sem anistia aos golpistas! Não passarão!

Viva os trabalhadores e as trabalhadoras! Viva a democracia!

São Paulo, 8 de janeiro de 2025

Sérgio Nobre, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
Miguel Torres, presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Moacyr Tesch Auersvald, presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)
Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)
Nilza Pereira, secretária-geral da Intersindical
José Gozze, presidente da Pública

FONTE: PORTAL VERMELHO

IMAGEM:  BNDES

 

No ano, o Fundo da Marinha Mercante (FMM) destinou mais de R$ 30 bilhões para financiamentos e ajuda a promover a retomada da indústria naval brasileira

O Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM) aprovou na última quinta-feira (12) 21 novos projetos, no valor de R$ 10,5 bilhões, contemplando obras de construção, modernização, docagem, manutenção, conversão e reparo de embarcações. Com isso, o valor total aprovado no ano chega a R$ 31 bilhões em projetos disponíveis para contratação de recursos. No acumulado do ano, cerca de R$ 5 bilhões já foram contratados para a expansão da indústria naval.

“Estamos presenciando uma fase de retomada da indústria naval brasileira, que prepara o país para o crescimento socioeconômico promovido pelo transporte aquaviário”, avaliou o ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho. Na reunião desta quinta-feira, foram apresentados e aprovados projetos para diversas áreas, indicando uma expansão da construção naval. No entanto, os principais projetos estão voltados para o apoio marítimo na área de petróleo e gás.

Costa Filho destacou ainda que a prioridade do governo federal é o crescimento da economia do Brasil. “Nosso governo, sob a liderança do presidente Lula, tem se empenhado fortemente na retomada da Indústria Naval Brasileira. Estamos buscando constantemente fortalecer nossa indústria, garantir o escoamento da produção nacional e impulsionar setores essenciais, como o de petróleo e gás. Com isso, avançamos no desenvolvimento econômico e criamos novas oportunidades de emprego, contribuindo para o crescimento e a prosperidade do nosso país”, finalizou.

Presidida pelo secretário Nacional de Hidrovias e Navegação, Dino Antunes, do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), a reunião do Conselho Diretor do FMM avaliou 24 novos projetos, totalizando um valor superior a R$ 11 bilhões. Trata-se do maior volume de recursos aprovado nas reuniões realizadas nos últimos 10 anos.

Segundo o secretário, os projetos demonstram um forte movimento de retomada da indústria naval, especialmente na navegação interior. “De 2011 até 2022, foram aprovados R$ 7 bilhões nessa modalidade. Esse mesmo volume foi observado na atual gestão do Governo Federal. Estamos em um momento muito positivo para a Marinha Mercante. Nosso desafio agora é concretizar a contratação conforme a aprovação”, destacou.

Além dos novos projetos, foram reapresentados 20 projetos, totalizando R$ 2,13 bilhões, envolvendo pedidos de extensão de prazo e alteração do estaleiro executor.

A Resolução do CDFMM, contendo os projetos que obtiveram prioridade, será publicada no Diário Oficial da União, e as empresas estarão habilitadas a contratar o financiamento por meio dos agentes financeiros conveniados (BNDES, BB, CEF e BASA). A próxima reunião do CDFMM está prevista para o dia 27 de março de 2025.

O Fundo da Marinha Mercante é administrado pelo Ministério de Portos e Aeroportos, por intermédio do Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante, e visa prover recursos para o desenvolvimento tanto da Marinha Mercante quanto das indústrias de construção e reparação navais no país. Pelos trabalhadores, o CDFMM tem a participação dos marítimos, com a Conttmaf, e dos metalúrgicos, com a CNM-CUT.

FONTE: MPor

IMAGEM: BAHIA PILOTS

A construção de quatro RSVs, embarcações de apoio para lançamento e operação de pequeno veículo controlado remotamente (ROV, na sigla em inglês) pela Ocyan S.A , trará uma infraestrutura portuária mais moderna para a Bahia.  As embarcações atuam no manuseio e montagem de equipamentos submarinos. O projeto de apoio marítimo, financiado pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM), custará R$ 2,7 bilhões e poderá gerar 1,1 mil empregos.

O Porto de Salvador, principal rota de exportação do Polo Petroquímico de Camaçari, movimentou 5,5 milhões de toneladas de cargas entre janeiro e outubro de 2024, a maioria delas composta por contêineres e fertilizantes. As informações são da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

Além desse estaleiro, o Ministério de Portos e Aeroportos, responsável por administrar o FMM, aprovou outros 20 projetos que beneficiam a indústria naval nos estados do Amazonas, Amapá, Pará, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Juntos, os empreendimentos somam mais de R$ 10 bilhões, com perspectiva de geração de 8,8 mil empregos diretos.

“Vivemos uma nova fase de retomada da indústria naval brasileira, que prepara o país para o crescimento socioeconômico promovido pelo transporte aquaviário”, pontuou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

Ele acrescentou que o governo federal tem priorizado o fortalecimento da indústria, o escoamento da produção nacional e o impulsionamento de setores essenciais. “Com isso, avançamos no desenvolvimento econômico e criamos oportunidades de emprego”.

Outra empresa contemplada pelo FMM na Bahia, a Belov, prestadora de serviços de engenharia portuária, subaquática, naval e offshore, ficará encarregada de construir uma balsa para navegação interior, o que poderá demandar a mão de obra de 175 trabalhadores. O investimento será de R$ 24,3 milhões.

Vantagens econômicas e ambientais

No entendimento do Ministério de Portos e Aeroportos, a indústria naval tem potencial para ser aliada na transição energética do país, uma vez que a melhor distribuição dos modais de transporte já reduziria significativamente a emissão de carbono.

O ministério informou que o FMM, nesse aspecto, “já aprovou projetos de pesquisa e desenvolvimento de motores híbridos e de construção de embarcações que irão operar com combustíveis sustentáveis, em convergência com a nossa agenda ambiental”.

De acordo com o coordenador-geral de Fomento do Ministério de Portos e Aeroportos, Fernando Pimentel, o apoio ao setor, por meio do Fundo da Marinha Mercante, também reduz os custos logísticos, como combustível e manutenção.

“O Fundo da Marinha Mercante é o principal pilar da política de apoio à indústria naval brasileira. É essencial para a internalização da tecnologia, com enorme impacto na integração com as cadeias mundiais de comércio”, esclareceu.

A principal fonte de receita do FMM é uma contribuição paga no desembarque de mercadorias em portos brasileiros. No ano, o fundo já destinou mais de R$ 30 bilhões, com foco nas indústrias de construção e reparação naval.

“[O fundo] Possui uma carteira de, aproximadamente, R$ 42 bilhões em projetos aprovados, que podem se tornar contratos de financiamento para a navegação de longo curso, interior, cabotagem, apoio offshore a plataformas de petróleo, apoio portuário, navegação de passageiros e pesca, bem como para estaleiros e instalações portuárias”, finalizou Pimentel.

Com informações do Brasil 61

Fonte: Revista Nordeste – Luciana Leão

IMAGEM: WILSON SONS

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (12) o projeto de Lei (PL) 3.337/2024 que permite a transferência do excedente do índice mínimo de conteúdo local entre contratos de exploração e produção de petróleo e de gás natural. A proposta seguirá para análise dos senadores.

Segundo o relator do projeto, deputado Kiko Celeguim (PT-SP), a ideia é aumentar as contratações nacionais em níveis superiores aos exigidos contratualmente em conteúdo local. “A proposta pretende incentivar as contratações nacionais em níveis superiores aos exigidos contratualmente, alavancar a indústria brasileira, em particular o setor naval, e impulsionar o avanço tecnológico”, explicou o parlamentar.

Assim, o projeto condiciona a transferência de excedentes a atividades semelhantes. Desta forma, ela poderá ser total ou parcial e ser realizada em ambientes, fases, etapas e grupos de despesas distintos do verificado do contrato de destino, “vedado o seu cômputo em duplicidade".

ANP

Caberá à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a apuração, o registro e o controle das transferências de excedentes de conteúdo local mínimo.

Para os contratos em que não há compromisso de conteúdo local mínimo e a empresa promova sua realização, o projeto prevê que o valor correspondente poderá ser contabilizado e transferido entre contratos em andamento.

Dados do governo federal, apontam que a efetivação de 20% de conteúdo local, no projeto-base de construção de cada plataforma de produção, traria para o mercado doméstico aproximadamente US$ 650 milhões de investimentos nos dois primeiros anos de construção, com geração, aproximadamente, de 13 mil postos de trabalhos diretos e indiretos.

Estaleiros nacionais

O texto também incorporou a Medida Provisória 1.255/24, que permite a depreciação acelerada para navios-tanque novos, fabricados em estaleiros nacionais e empregados no transporte de cabotagem de petróleo e seus derivados; de embarcações de apoio marítimo, utilizadas para o suporte logístico; e prestação de serviços aos campos, instalações e plataformas offshore.

A depreciação acelerada é um mecanismo que reduz o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) que terão de ser recolhidos pelas empresas beneficiadas.

Pelo texto, a renúncia fiscal decorrente da depreciação acelerada fica limitada a R$ 1,6 bilhão e terá vigência de 1º de janeiro de 2027 a 31 de dezembro de 2031.

O projeto também aumenta os recursos da estatal Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA). Segundo o relator, a proposta busca dar autonomia e sustentabilidade a contas da PPSA, que, atualmente, é remunerada por meio de contrato específico com o Ministério de Minas e Energia.

“Logo, é uma alteração meritória, uma vez que o modelo atual sujeita a empresa a receitas insuficientes para cobrir suas despesas, principalmente, quando há bloqueios de recursos orçamentários”, explicou Celeguim.

FONTE: AGÊNCIA BRASIL