Lula caminhando ao lado de Xi Jinping

IMAGEM: REUTERS

A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China foi marcada por uma série de mensagens relativamente claras sobre aquilo que deverá ser a sua política externa neste seu terceiro mandato.

Tanto por meio de discursos quanto pelas agendas, Lula deu mostras de que vai manter a aposta nas parcerias com o chamado sul-global e suas críticas aos fóruns e organismos tradicionalmente ligados ou controlados por potências como os Estados Unidos.

Lula chegou à China para encerrar o que alguns diplomatas vinham classificando como uma espécie de "pontapé inicial" da sua agenda internacional.

Esse pontapé contou com visitas aos três principais parceiros do Brasil: Argentina, Estados Unidos e, agora, a China.

Recebido com entusiasmo pelos chineses, Lula aproveitou sua passagem pelo país asiático para deixar mais evidente o que esperar da sua agenda internacional.

Se havia alguma dúvida sobre qual era o principal recado que Lula queria dar à comunidade internacional durante essa viagem, ela foi dissipada na sexta-feira (15/04): o presidente diz que quer mudar as regras da governança global, tradicionalmente percebida como uma estrutura de poder que beneficia, historicamente, países como os Estados Unidos e a Europa.

"Os nossos interesses na relação com a China não são apenas comerciais [...] Temos interesses políticos e nós temos interesses em construir uma nova geopolítica para que a gente possa mudar a governança mundial dando mais representatividade às Nações Unidas", disse durante encontro com o presidente do Comitê Permanente da Assembleia Nacional Popular da China, o equivalente ao parlamento chinês, Zhao Leji.

E para deixar seu ponto claro, Lula defendeu a cooperação com países em desenvolvimento, criticou organismos multilaterais tradicionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), criticou uma suposta falta de força da Organização das Nações Unidas (ONU) e teve até "alfinetada" entendida como recado para os Estados Unidos.

Confira quais foram os principais recados de Lula durante sua passagem pela China:

Aposta no Brics e sul-global

O primeiro recado dado por Lula em sua viagem é de que ele vai continuar a apostar no Brics, grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O grupo se consolidou na segunda metade dos anos 2000 e se tornou uma aposta da diplomacia brasileira para que o país tivesse alternativas de articulação política fora da zona de influência dos Estados Unidos e da União Europeia.

Atualmente, o Brics representa aproximadamente 46% da população mundial e estimativas apontam que os países são responsáveis por algo em torno de ¼ do produto interno bruto global.

A aposta redobrada de Lula no Brics ficou clara no discurso que ele fez durante a cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como nova presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido também como o Banco dos BRICS. Dilma foi afastada da presidência do Brasil em 2016, após um processo de impeachment.

Ela foi a primeira mulher a ocupar a presidência do banco, criado em 2014, quando ela era presidente do Brasil.

A chegada de Dilma ao comando do banco, aliás, só foi possível graças a uma articulação diplomática liderada pelo Brasil já sob o comando de Lula.

Em seu discurso na sede do banco, Lula fez uma série de menções a importância do Brics e prometeu se empenhar pelo seu fortalecimento.

"Precisamos utilizar de maneira criativa o G-20 (que o Brasil presidirá em 2024) e o Brics (que conduziremos em 2025) com o objetivo de reforçar os temas prioritários para o mundo em desenvolvimento na agenda internacional”, disse Lula.

Crítica ao sistema financeiro internacional

E nesse esforço de mudar as regras da governança global, Lula não poupou críticas ao sistema financeiro internacional.

Durante a cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Banco do Brics, Lula defendeu a criação de bancos multilarerais de desenvolvimento nos moldes do banco do Brics como uma espécie e alternativa às instituições semelhantes tradicionais como o FMI e Banco Mundial.

Ele disse que essas organizações não deveriam ficar "asfixiando" as economias de países em desenvolvimento.

"Os bancos têm de ter paciência. Se for preciso, renovar o acordo e colocar a palavra tolerância em cada renovação porque não cabe ao banco ficar asfixiando as economias dos países, como está fazendo agora com a Argentina o Fundo Monetário Internacional", disse Lula em seu discurso na quinta-feira.

Lula também defendeu a redução da dependência dos países em desenvolvimento em relação ao dólar como moeda preferencial em suas transações comerciais.

"Quem decidiu que é era o dólar a moeda depois que desapareceu o ouro como padrão? Por que não foi yene? Por que não foi o Real? Por que não foi peso? Porque as nossas moedas eram fracas [...] porque hoje um país precisa correr atrás do dólar para poder exportar, quando ele poderia exportar sua própria moeda e os bancos centrais certamente poderiam cuidar disso", disse Lula.

"É difícil porque tem gente mal-acostumada porque todo mundo depende de uma única moeda. Eu acho que o século 21 pode mexer com a nossa cabeça e pode nos ajudar, quem sabe, a fazer as coisas diferentes", afirmou o presidente na quinta-feira.

Aceno a empresa banida pelos EUA

O terceiro recado enviado por Lula foi menos sutil e parecia ter um endereço certo: os Estados Unidos.

Na quinta-feira, Lula foi ao um centro de pesquisas da Huawei em Xangai. A empresa é uma das maiores do mundo e lidera o mercado em áreas como a tecnologia 5G.

Na sexta-feira, Lula deixou claro que sua ida à empresa foi um recado.

"Ontem (quinta-feira, 13/4), fizemos uma visita à Huawei numa demonstração de que nós queremos dizer ao mundo que não temos preconceito na nossa relação como os chineses e que ninguém vai proibir que o Brasil aprimore sua relação com a China", disse Lula.

As declarações acontecem após uma série de pressões feitas pelo governo dos Estados Unidos para que o Brasil não permitisse que a Huawei participasse das licitações para a construção da rede 5G no país.

A pressão foi grande durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas ele permitiu que a empresa pudesse participar da disputa.

Nos últimos anos, a Huawei e outras companhias chinesas do setor de alta tecnologia, passaram a ser alvo de críticas do governo americano.

Autoridades dos EUA passaram a criticar a empresa e levantar suspeitas de que a companhia poderia usar informações de seus usuários em benefício do governo chinês.

A China, por sua vez, rebate as acusações e vem dizendo que elas são uma forma de retaliação.

Significados e consequências

Para especialistas em relações internacionais ouvidos pela BBC News Brasil, os recados enviados por Lula ao longo da viagem à China foram cuidadosamente pensados para gerar repercussão internacional e posicionar o seu governo diante dos demais atores globais.

"A questão do dólar é uma tentativa de o Brasil se colocar como um dos principais pautadores de agenda no sul-global, como um país que busca participar ou moldar a construção de um mundo menos centrado nos EUA", disse o professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Oliver Stuenkel.

Para o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisador visitante da Universidade de Oxford Dawisson Belém Lopes, as declarações de Lula mostram que ele continuaria a ser o que o professor chamou de "revisionista suave".

"Lula é um revinisiosta suave na medida em que ele atua sem desafiar os seus pilares da ordem mundial, mas reivindicando, a todo tempo, uma rediscussão e uma revisão das regras do jogo de novo para contemplar o Brasil mais generosamente com, por exemplo, um assento como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU ou para ter mais cotas em organismos multilaterais", disse Lopes.

Os dois afirmam que a atual postura do presidente pode, dada a conjuntura, gerar reações dos Estados Unidos.

"É claro que isso pode causar alguma fricção com os Estados Unidos. Mas acho que a aposta de Lula é que o Brasil seja tratado no Ocidente como a India, que tem sua política independente, que discorda, mas ao mesmo tempo, tem parceria muito profunda com potencias ocidentais como os EUA", disse Stuenkel.

Lopes, por sua vez, avalia que o mundo, atualmente, o acirramento das tensões entre Estados Unidos e China diminui a margem de manobra do Brasil para se manter equidistante em relação aos dois países.

"Quando o Brasil se aproxima da China, ele necessariamente se distancia dos Estados Unidos e vice-versa. O sistema internacional ficou menos permissivo com países que pendulam entre Estados Unidos e a China. Mas Brasil deve saber navegar por essas águas", disse.

FONTE: BBC

Edifício - sede do Banco Central do Brasil no Setor Bancário Norte

IMAGEM: MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

Força Sindical, CUT e UGT reagiram à manutenção da Selic em 13,75%

As centrais sindicais criticaram nesta quarta-feira (22) a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central em manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano.

Em nota a CUT disse que a decisão é inaceitável e que representa um boicote de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, à retomada do crescimento econômico. "A decisão também revela o quanto é ruim para o país um Banco Central, que se declara autônomo, mas se encontra nas mãos de rentistas, especialmente quando têm compromissos com forças políticas contrárias ao povo e ao governo federal", disse a CUT.

A Força Sindical afirma que os "juros continuam extorsivos" e que a mobilização pela queda da taxa vai continuar. 

"Essa nefasta política, infelizmente, resulta em queda da atividade econômica, deteriora o mercado de trabalho e a renda, aumenta o desemprego, diminui a capacidade de consumo das famílias e compromete em muito o crescimento econômico", disse em nota Miguel Torres, presidente da Força.

Para Ricardo Patah, presidente da UGT e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, embora fosse previsível, a decisão do Copom preocupa. 

"Era esperado, mas é uma situação que nos traz desalento. Enquanto os juros estiverem elevados, há o receio de demissões, principalmente para nós que representamos os trabalhadores de comércio e serviços. Isso é muito ruim para o Brasil. Os juros estão diretamente ligados ao emprego", disse Patah.

Nesta terça (21), as centrais ocuparam a calçada em frente ao prédio do BC em São Paulo, na avenida Paulista, com queixas em relação à política de juros da autarquia. Os manifestantes pediam a saída de Roberto Campos Neto, apontado no ato como "cavalo de Tróia" do ex-presidente Jair Bolsonaro.

FONTE: FOLHA DE S.PAULO

 

Nesta quinta-feira (13), representantes da Conttmaf e das três federações portuárias nacionais se reuniram com o secretário nacional de portos e transportes aquaviários, Fabrizio Pierdomenico, em Brasília. Foi “um primeiro passo na direção de um diálogo permanente entre o governo e as entidades sindicais do nosso setor nas questões de interesse dos trabalhadores”, disse o secretário.

Ao se discutir a necessidade de investimentos em formação, capacitação e treinamento de trabalhadores portuários e aquaviários, as entidades sindicais manifestaram preocupação com o Projeto de Lei 079/2020, do senador Wellington Fagundes (PL/MT).

O PL busca retirar recursos do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Profissional Marítimo (FDEPM), destinando-os ao Serviço Social do Transporte (SEST) e ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT). A Conttmaf acredita que, se isso acontecer, a verba servirá para custeio do sistema sindical patronal, como já ocorre no restante do Sistema S, e os trabalhadores serão obrigados pagar pelo ensino profissional, que atualmente é público.

A Conttmaf e as federações do setor portuário presentes se posicionaram contra esse projeto, defendendo que os recursos do FDEPM sejam excepcionados e desvinculados do orçamento da Marinha do Brasil, vindo a ser destinados diretamente à autoridade marítima brasileira. Deste modo, os recursos que são recolhidos ao fundo poderão ser efetivamente aplicados em benefício dos trabalhadores, na forma prevista em lei, em vez de contingenciados para o pagamento de dívida pelo Tesouro Nacional. As três federações portuárias nacionais reforçaram, ainda, o pedido de apoio ao Ministério para retomar a discussão do PL 3.546/2020, que cria o Serviço Nacional de Aprendizagem Portuária (SENAP).

Pierdomenico declarou aos dirigentes sindicais que o governo não fará privatizações no setor e informou que o Ministério de Portos e Aeroportos buscará retomar as obras estruturantes e necessárias ao desenvolvimento nacional, inclusive as de dragagem. O secretário afirmou que está negociando com a Casa Civil a inclusão de no PAC de Portos e Hidrovias a fim de viabilizar os recursos necessários para tais investimentos. Por outro lado, ressaltou que o governo não é contrário aos Terminais de Uso Privado (TUP), desde que não sejam criados em prejuízo dos portos públicos existentes.

Fachada do edifício-sede do TST

IMAGEM: TST

Como os ministros modularam os efeitos, novo cálculo passou a valer na data do julgamento, 20 de março.

O TST revisitou orientação jurisprudencial da Corte e decidiu que a remuneração pelo repouso semanal, com a inclusão no cálculo de horas extras prestadas pelo empregado, deve ter reflexo sobre outras verbas, como férias, 13º, aviso prévio e FGTS.

Até então, o posicionamento dos ministros era contrário ao reflexo desses valores majorados do repouso semanal no cálculo de outras verbas, porque geraria pagamento em duplicidade. O entendimento, consolidado há 13 anos, estava na OJ 394. A mudança de entendimento se deu em julgamento realizado na última segunda-feira, 20, em incidente de recurso repetitivo.

Os ministros, por maioria, atribuiram à OJ a seguinte redação: 

1. A majoração do valor do repouso semanal remunerado decorrente da integração das horas extras habituais deve repercutir no cálculo efetuado pelo empregador das demais parcelas que têm como base de cálculo o salário, não se cogitando de bis in idem por sua incidência no cálculo das férias, da gratificação natalina, do aviso prévio e do FGTS.

2. A nova orientação será aplicada às horas extras trabalhadas a partir de 20/03/2023.

Para o relator, ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior, a posição anterior partia de um erro matemático e jurídico. Para ele, não seria possível proibir a incidência de reflexos em outras verbas provenientes do descanso semanal remunerado majorado pela integração de horas extras.

O revisor, ministro Alberto Bastos Balazeiro, concordou. Ele considerou não haver pagamento em duplicidade com a repercussão do somatório das horas extras e do repouso semanal remunerado em outras verbas trabalhistas.

18 ministros seguiram este entendimento. 

Quatro ministros divergiram, votando pela manutenção do enunciado como já era aplicado: Ives Gandra, Sérgio Martins, Maria Cristina Peduzzi e Dora Maria da Costa. 

Modulação

No julgamento, os ministros, após longo debate, decidiram modular os efeitos, de modo que o novo posicionamento vale desde a data do julgamento, 20/03/23. Portanto, apenas a partir desta data as horas extras trabalhadas repercutirão no repouso semanal remunerado e nas demais verbas trabalhistas.

FONTE: MIGALHAS

https://www.migalhas.com.br/quentes/383458/tst-reve-posicao-e-repouso-semanal-majorado-refletira-em-outras-verbas

IMAGEM: Pexels

Presença dos sindicatos só se tornou exigida a partir de 14 de junho do ano passado, quando foi publicada ata do julgamento

O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou esclarecimento sobre a exigência de negociação sindical nos casos de demissão em massa, tema de julgamento realizado em junho do ano passado. De acordo com a Corte, essa exigência se aplica apenas às demissões ocorridas após 14 de junho de 2022. Essa foi a data da publicação da ata do julgamento do Recurso Extraordinário (E) 999.345, que resultou em tese de repercussão geral.

Isso aconteceu porque as empresas envolvidas no caso Embraer e Eleb Equipamentos, apontaram possível contradição entre a tese do julgamento e o acórdão. Assim, o STF “teria deixado em aberto a possibilidade de aplicação retroativa do entendimento”.

“Embora o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST), contra o qual o recurso foi interposto, fosse de que a negociação coletiva era imprescindível, a matéria não estava pacificada na Justiça do Trabalho, e Tribunais Regionais do Trabalho proferiram decisões que validavam dispensas coletivas apesar da ausência de intervenção sindical”, diz o STF. O tribunal estava analisando embargos (recursos) sobre o julgamento.

Para o ministro Luís Roberto Barroso, a retroatividade iria impor “ônus desproporcional” aos empregadores. Além disso, não existe disposição legal ou constitucional que impusesse essa exigência. Ele foi acompanhado nesse voto por Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, André Mendonça, Nunes Marques e Gilmar Mendes. As ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia acompanharam o relator, Edson Fachin, pela rejeição dos embargos. Por sua vez, Luiz Fux se declarou impedido. Neste momento, o STF está com 10 ministro, porque Ricardo Lewandowski se aposentou.

FONTE: REDE BRASIL ATUAL

 

IMAGEM: SPLASH247.COM/THOME

 

Pesquisa feita pela agência contou com dados de 302 empresas do setor e busca aprimorar políticas voltadas para a equidade de gênero
 

Pouco mais de 17% do total de vagas no setor aquaviário brasileiro é ocupado por mulheres. É o que mostra o levantamento de dados sobre equidade de gênero no setor feito pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), divulgados nesta terça-feira (21). 

A pesquisa é a primeira das ações da Autarquia no Protocolo de Intenções, assinado em março de 2022, entre a Agência e a Women's International Shipping and Trading Association (WISTA-Brazil) que busca equidade de gênero no setor.

A coleta e publicação dos resultados têm como objetivo aprofundar o conhecimento do setor aquaviário em relação a seus trabalhadores, bem como poderá ser usado como uma linha de base pelas empresas do setor para aprimoramento de políticas voltadas para a equidade de gênero.

Ao todo foram 302 empresas do setor que responderam os questionários. Formaram parte da pesquisa: Terminais Autorizados; Terminais Arrendados; Autoridades Portuárias; Empresas brasileiras de navegação (EBN) e o Órgão de Gestão de Mão de Obra (OGMO).

A apresentação contou com a participação dos diretores da ANTAQ, entre eles o diretor-geral, Eduardo Nery, e a diretora Flávia Takafashi responsável por apresentar os dados. Também estiveram presentes a Diretora-Geral do Senado Federal, Ilana Trombka, a diretora da Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos da Casa Civil, Amanda Seabra e a diretora de Novas Outorgas e Políticas Regulatórias Portuárias do Ministério de Portos e Aeroportos, Mariana Pescatori.

Tendência mundial

De acordo com dados da UNCTAD, as mulheres ocupam 18% das vagas no setor portuário global. ​Nos nichos de movimentação de cargas e operações portuárias há uma queda acentuada na taxa de participação feminina. Os números destacam a necessidade de políticas estratégicas para melhorar a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Já o levantamento feito pela ANTAQ mostra que as mulheres ocupam apenas 17,5% do total de vagas no setor aquaviário brasileiro, o que segue a tendência mundial de ocupações femininas de cargos no setor. As empresas que atuam em ambos os setores portuário e de navegação lideram o ranking de participação feminina, com 17,9% dos cargos ocupados. No setor de navegação, por sua vez, mais de 23% das posições de gerência são ocupadas por mulheres.  ​

No setor portuário, as mulheres ocupam 17,3% ​do total de vagas. As empresas de cabotagem lideram o ranking de participação feminina com 34% dos cargos ocupados por mulheres e mais de 30% delas em posições de liderança. As autoridades portuárias têm participação feminina acima da média geral dos setores, exceto para o quadro de direção.​

Recrutamento e equidade

As empresas entrevistadas empregam em sua maioria homens, na faixa entre os 25 e os 44 anos de idade. As empresas de médio porte (com 23 a 144 empregados) apresentaram a menor participação feminina entre os entrevistados.

A pesquisa ainda perguntou se as companhias adotam políticas de equidade em seus recrutamentos. A conclusão foi de que 90,8% das empresas adotam pelo menos uma política de equidade de gênero na escolha de seus empregados. Além disso, 68,6% das empresas afirmam assegurar a igualdade salarial e 35,6% adotam políticas de orientação sobre igualdade de gênero.

Equidade na ANTAQ

O levantamento também trouxe dados sobre equidade de gênero dentro da ANTAQ. De acordo com os dados, dos 389 servidores da autarquia 24% são mulheres. 6,3% delas ocupam cargos de liderança e 20% dos cargos de liderança e gestão da autarquia são ocupados por mulheres.

 

 

FONTE: ANTAQ

Secom/TST/Divulgação

IMAGEM: Secom/TST/Divulgação

As horas extras incorporadas ao valor do descanso semanal remunerado passaram a entrar no cálculo dos benefícios no dia 20 de março

A partir do dia 20 de março as horas extras incorporadas ao valor do descanso semanal remunerado também devem entrar no cálculo de benefícios, como férias, 13º salário, aviso prévio e FGTS. Este é o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que estabeleceu a nova regra e afastou o que era seguido sobre duplicidade de pagamento.

O relator do IRR (incidente de recurso repetitivo), ministro Amaury Rodrigues, classifica como “questão aritmética” e que a decisão conserta erro que impedia a integração das horas extras sobre os benefícios do descanso semanal remunerado.

“O cálculo das horas extras é elaborado mediante a utilização de um divisor que isola o valor do salário-hora, excluindo de sua gênese qualquer influência do repouso semanal remunerado pelo salário mensal, de modo que estão aritmeticamente separados os valores das horas extras e das diferenças de RSR (repouso semanal remunerado) apuradas em decorrência dos reflexos daquelas horas extras (cálculos elaborados separada e individualmente)”, afirmou.

Dessa forma, quando o trabalhador realizar uma hora extra a mais na semana, receberá por mais uma hora no dia do repouso semanal – como já acontece -, e essa hora agora passa ser contabilizada também nos benefícios: 13º salário, aviso prévio, FGTS e férias.

Ou seja, estes valores ficam maiores para o trabalhador que faz horas extras.

Com a decisão, o TST alterou que Orientação Jurisprudencial (OJ) 394 para garantir que a decisão vai ser seguida pelas demais instâncias da Justiça Trabalhista.

Tese jurídica

A tese jurídica aprovada para o Tema Repetitivo 9, que orientará a nova redação da OJ 394, foi a seguinte:

REPOUSO SEMANAL REMUNERADO. INTEGRAÇÃO DAS HORAS EXTRAS. REPERCUSSÃO NO CÁLCULO DAS FÉRIAS, DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO, AVISO PRÉVIO E DEPÓSITOS DO FGTS. 
I. A majoração do valor do repouso semanal remunerado decorrente da integração das horas extras habituais deve repercutir no cálculo, efetuado pelo empregador, das demais parcelas que têm como base de cálculo o salário, não se cogitando de bis in idem por sua incidência no cálculo das férias, da gratificação natalina, do aviso prévio e do FGTS.
II. O item I será aplicado às horas extras trabalhadas a partir de 20.03.2023.

Ficaram vencidos os ministros Ives Gandra, Maria Cristina Peduzzi, Sergio Pinto Martins e Dora Maria da Costa, que mantinham a redação original da OJ 394.

Julgado o incidente, o processo retornará à SDI-1 para que prossiga o julgamento dos embargos interpostos pela Mix Ideal Atacado e Distribuidora de Alimentos Ltda. na reclamação ajuizada por um carregador, contratado pela empresa em Salvador (BA).

Processo: IncJulgRREmbRep – 10169-57.2013.5.05.0024

FONTES: Agência Brasil e Tribunal Superior do Trabalho

reajustes salariais

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Elaboração: Dieese

Reajustes salariais mantêm tendência de melhora: em 2023, quase 74% acima da inflação

Inflação menor contribui para maior quantidade de aumentos reais em acordo coletivos celebrados no ano

O cenário para as negociações coletivas continua mostrando tendência de melhora, segundo dados divulgados nesta terça-feira (21) pelo Dieese. De um total de 1.184 acordos analisados neste ano, até o último dia 9, tiveram aumento real 73,6%. Ou seja, reajustes salariais acima da inflação (medida pelo INPC-IBGE, usado como referência na área trabalhista).

Além disso, 19,3% dos acordos resultaram em reajuste equivalente à variação do INPC em 12 meses. E 7,1% ficaram abaixo da inflação. Até agora, a média das negociações é de 0,88% acima do índice oficial.

“O quadro que começa a ser desenhado para 2023 mostra predominância dos reajustes salariais acima da inflação, em forte contraste com o ocorrido em anos anteriores”, afirma o Dieese em boletim. Contribui para isso a diminuição da taxa de inflação nos últimos meses. De maio a julho do ano passado, por exemplo, era necessário um reajuste em torno de 12% para repor perdas. Enquanto para categorias com data-base neste mês é preciso 5,47%.

Apenas em fevereiro, de 149 acordos analisados 69% tiveram ganho real. Foram 23,5% com reajustes equivalentes ao INPC e 7,4% abaixo. De acordo com o Dieese, o resultado do mês passado foi semelhante ao das duas datas-base anteriores.

Entre os setores, nos primeiros dois meses de 2023 a indústria teve 76,9% de acordos com aumento real. Já os serviços ficaram com 74%. No comércio, foram 56%.

O valor médio dos pisos salariais nos instrumentos coletivos deste ano tá em R$ 1.485,51. Fica 14,1% acima do salário mínimo.

FONTE: REDE BRASIL ATUAL

Terminal de Contêineres (Tecon), no Porto de Santos — Foto: Divulgação/Santos

IMAGEM: PORTO DE SANTOS/DIVULGAÇÃO

Após a decisão dos revisores e do presidente do Tribunal, a votação sobre a desestatização foi adiada para 60 dias.

A votação do processo de desestatização do Porto de Santos, no litoral de São Paulo, que aconteceria nesta quarta-feira (22), durante a sessão ordinária do Tribunal de Contas da União (TCU), foi adiada em 60 dias. A decisão foi tomada pelo plenário, pois foi proposto pelos juristas que o governo federal seja consultado sobre o interesse de dar continuidade ao projeto de privatizar o porto santista.

A proposta de consultar o governo foi do segundo revisor do processo, o ministro Benjamin Zymler. O jurista enfatizou a necessidade de ouvir a opinião do ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, tendo em vista a recente troca de governo. 

“Após a troca de governo, algumas autoridades reportaram em entrevistas a perda de interesse do governo federal no projeto. Óbvio que eu não conheço a posição do ministro Márcio França, mas ele tem dito, pelo menos é o que leio na mídia, que o projeto [de desestatização] seria abandonado pelo governo”, afirmou Zymler.

O ministro Vital do Rêgo, que é o terceiro revisor do processo de desestatização do complexo santista, concordou com a proposta de Zymler, enfatizando ser ‘eficiente’ e ‘prudente’ consultar o Ministério de Portos e Aeroportos.

Com a palavra, o presidente do TCU, o ministro Bruno Dantas, declarou que, pelo ponto de vista de dinâmica de trabalho, a votação deverá ser suspensa por 60 dias.

“O Tribunal pode muito, mas não pode obrigar o governo a privatizar algo que ele não deseja. [...] Como presidente do Tribunal, vou expedir um ofício ao ministro dos Portos e Aeroportos com o prazo de 15 ou 30 dias para manifestar o interesse ou não de desestatizar o Porto”, acrescentou Dantas.

Outros adiamentos

No início de março, a votação do processo de desestatização do Porto de Santos também foi adiada. Desta vez, por conta da ausência do ministro Vital do Rêgo, que é o terceiro revisor do processo.

Em dezembro de 2022, em uma sessão extraordinária, Dantas iniciou o acompanhamento do caso afirmando que o processo é absolutamente crucial e um dos mais importantes da sessão. O jurista pontuou algumas questões que constam nos autos, entre elas, a construção do túnel entre Santos e Guarujá.

Durante a sessão extraordinária, na época, o primeiro revisor o ministro Walton Alencar Rodrigues, e os ministros Benjamin Zymler e Vital do Rêgo pediram vistas ao processo, pois entenderam a necessidade de examinar detalhadamente os pontos que constam nos autos.

Divergências

A proposta de entregar o controle do Porto de Santos à iniciativa privada é motivo de divergências entre ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva desde janeiro. O ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, é contrário à privatização ou à concessão da gestão do porto a um grupo privado. Já o ministro da Casa Civil, Rui Costa, principal responsável pelo PPI (Programa de Parcerias e Investimentos), afirma que nada está descartado. 

Em janeiro, a defesa da privatização do porto foi um dos principais assuntos da reunião entre Lula e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, no Palácio do Planalto. Rui Costa e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, além do secretário da Casa Civil de São Paulo, Gilberto Kassab, estavam na reunião.

Tarcísio pediu a Lula que considerasse levar adiante a entrega do porto à iniciativa privada. O modelo de concessão foi desenhado pela equipe de Tarcísio quando ele ocupava o Ministério da Infraestrutura. A modelagem está em análise pelo Tribunal de Contas da União, uma das últimas etapas antes do leilão.

O governador de São Paulo tem especial interesse na construção do túnel para ligar Santos ao Guarujá. A obra, orçada em R$ 3 bilhões, seria de responsabilidade do consórcio que arrematasse o porto. Promessa antiga, a ligação terrestre entre as cidades tem grande impacto eleitoral justamente em um reduto de Márcio França.

Lula chegou a declarar, em dezembro, em um discurso repleto de críticas ao mercado, que não haveria privatizações em seu governo. Além disso, a equipe de transição se manifestou de forma contrária à privatização do porto.

Dois fatores, no entanto, animaram Tarcísio, que viu uma brecha para negociar: entrevistas no final do ano passado do próprio Márcio França em que o ministro admite a possibilidade de conceder algumas partes do porto, como o canal e terminais, mas não a gestão da autoridade portuária como um todo; e a ausência do porto na lista elaborada pelo governo Lula de empresas e equipamentos que não serão privatizados.

Segundo interlocutores de Tarcísio, Lula se mostrou aberto a estudar o assunto e não descartou a entrega do porto à iniciativa privada.

FONTE: G1

IMAGEM: CARL DE SOUZA/AFP

À revelia do novo governo, atual diretoria da Petrobras insiste na privatização de ativos, revoltando petroleiros, que fazem paralisação na sexta-feira

O Conselho de Administração (CA) da Petrobras deve aprovar a renovação da diretoria da empresa em reunião nesta quarta-feira (22). De acordo com o jornal Folha de São Paulo, todos os nomes indicados pelo presidente da companhia, Jean Paul Prates, foram aprovados no comitê interno que analisa os currículos de indicados para a alta administração da estatal. A expectativa é que a nova diretoria tome posse no início de abril. Até lá, permanecem os diretores indicados ainda no governo Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), após três meses de governo Lula, a Petrobras ainda sofre com o “aparelhamento” bolsonarista. A diretoria atual entrou em choque com os trabalhadores, após sugerir ao Ministério de Minas e Energia que pretende manter a privatização de ativos com contratos já assinados.

Do mesmo modo, os petroleiros também aguardam as mudanças na diretoria e no CA da Petrobras para que a estatal abra investigação interna para apurar possível relação entre a venda da refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, e as joias sauditas que Bolsonaro tentou se apropriar ilegalmente.

O Mubadala Capital – fundo dos Emirados Árabes Unidos – pagou US$ 1,8 bilhão pela Rlam, negócio que foi concluído em dezembro de 2021. No entanto, o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Naturais e Biocombustíveis (Ineep) apontou, em estudo, que a Rlam valia entre US$ 3 e 4 bilhões. Assim, os petroleiros suspeitam que as joias avaliadas em R$ 16,5 milhões que o governo da Arábia Saudita teria enviado à então primeira-dama Michelle Bolsonaro seja uma espécie de propina.

Braços cruzados contra a venda de ativos

No início do mês, o ministério determinou a suspensão por 90 dias da venda de todos ativos da companhia. Entre os ativos que a Petrobras pretende se desfazer, está a refinaria Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), no Ceará. O pré-contrato com a empresa Grepar Participações foi assinado em maio do ano passado, no valor de US$ 34 milhões. No entanto, o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), afirma que a Lubnor pode valer de US$ 62 milhões a US$ 70 milhões.

Além disso, a estatal também pretende concluir a venda dos polos de exploração de petróleo Norte Capixaba, Golfinho e Camarupim, no Espírito Santo. E e os polos Pescada e Potiguar, no Rio Grande do Norte. Somente pelo polo Potiguar, a 3R Petroleum pretende pagar US$ 1,38 bilhão. No entanto, o histórico recente de ativos que foram vendidos abaixo do valor de mercado levanta novas suspeitas.

Como resposta, os petroleiros realizam paralisação na próxima sexta-feira (24) para exigir a suspensão das privatizações e a saída da atual diretoria. “Tá na hora da turma do Jair já ir embora”, disse a FUP, em nota nessa segunda (20).

Mudança completa

Por outro lado, a estatal marcou para 27 de abril a data da Assembleia Geral Ordinária (AGO), quando os acionistas se reúnem para aprovar o novo Conselho de Administração (CA) da empresa. Após críticas da FUP, o Ministério de Minas e Energia indicou outros três nomes para compor o novo conselho. No final do mês passado, os petroleiros criticaram o ministro Alexandre Silveira por indicar ao conselho “nomes ligados ao bolsonarismo, ao mercado financeiro e a favor de privatizações”.

A partir daí, com a nova diretoria e a atualização do CA, a Petrobras poderá efetuar mudanças mais profundas. O principal desafio será estabelecer uma nova política de preços para a estatal. Desde 2016, após o golpe do impeachment contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, a companhia estabeleceu o Preço de Paridade de Importação (PPI), que dolarizou os custos de produção dos combustíveis no Brasil.

Recentemente, Prates afirmou que o PPI vai deixa de ser “o único parâmetro” para a fixação dos preços dos combustíveis. Assim, ele frisou que o PPI vai valer apenas para os combustíveis que o país precise importar, após a Petrobras abastecer o mercado nacional. Ele aponta no sentido de “abrasileirar” os preços, como prometeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha.

O presidente da Petrobras também sinalizou que a estatal deve voltar a construir plataformas e embarcações de apoio no Brasil, resgatando a política de conteúdo local. Além disso, ele também frisou a necessidade da Petrobras investir em energias renováveis, diminuindo a dependência da exploração do petróleo, em busca de fontes mais limpas.

FONTE: REDE BRASIL ATUAL

Getty Images

IMAGEM: GETTY IMAGES

 

É preciso que a sociedade se mobilize pela queda dos juros, que participe das manifestações e pressões. Afinal, o povo sabe do que precisa e que projeto elegeu para isso

Sempre dissemos que a batalha atual está sob intensa guerra cultural, pulsando no campo das ideias, no combate permanente à divulgação de inverdades, acentuada no conservadorismo dos costumes derivando em elevação dos preconceitos, intolerância, ódio e violência. A resultante da política nós já experimentamos, vencemos, mas a guerra continua.

Há uma segunda guerra, com importantes interseções com a primeira, que pode determinar o futuro do Brasil. Ela determinará o papel do Estado no desenvolvimento nacional, e quem define os rumos do país. Esta se dá com o capital financeiro. A expressão mais aguda dessa guerra está no atual debate sobre a taxa de juros.

Temos os juros mais altos do planeta, sem que nenhuma base técnico-econômica a justifique. Estamos com o consumo rebaixado, uma economia herdada quase estagnada, há um largo espaço fiscal, grande desemprego e precarização do trabalho.

A recente autonomia do Banco Central, aprovada no Congresso Nacional (Lei Complementar nº 179), sem o meu voto, tem metas claras a serem cumpridas.

“Art. 1º O Banco Central do Brasil tem por objetivo fundamental assegurar a estabilidade de preços.

Parágrafo único. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental, o Banco Central do Brasil também tem por objetivos zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego….”

Taxa de juros real, acima da inflação de 8 pontos, quando o mundo inteiro tem taxas negativas, impede que o Banco Central viabilize as metas definidas na lei.

O povo brasileiro fez uma opção nas urnas, e disse ao Brasil e ao mundo que quer um governo que gere emprego, faça o país crescer, que invista em políticas sociais, que supere a fome. Não pode um único homem, não eleito, representante do sistema financeiro, sentado numa cadeira, em tese, de caráter técnico, definir acima das urnas, o rumo do Brasil

Esta, obviamente não é uma questão técnica, é política. É da guerra, é da luta de classes. Como dizia Betinho, “a alma da fome é política”. Só os bancos ganham. Ninguém consegue crédito, capacidade de investimento, pagar contas em dia, parcelar cartão de crédito com 409% acumulado no ano, gerar empregos. E com todo o discurso do Sr. Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que a razão dos juros altos é o combate à inflação, a sociedade não vê impacto favorável nos preços dos alimentos e outros itens básicos, porque o argumento é falso.

Mas a lei que deu autonomia ao Banco Central também diz:

Art. 5º O Presidente e os Diretores do Banco Central do Brasil serão exonerados pelo Presidente da República:

I – a pedido;

II – no caso de acometimento de enfermidade que incapacite o titular para o exercício do cargo;

III – quando sofrerem condenação, mediante decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, pela prática de ato de improbidade administrativa ou de crime cuja pena acarrete, ainda que temporariamente, a proibição de acesso a cargos públicos;

IV – quando apresentarem comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do banco central do brasil.

Este inciso IV mostra que o presidente não é estável a ponto de confrontar o óbvio.

É preciso que a sociedade se mobilize pela queda dos juros, que participe das manifestações e pressões. Afinal, o povo sabe do que precisa e que projeto elegeu para isso. Quer emprego, renda, redução da inflação e ganhos para a maioria e não para os que sempre lucram e concentram riqueza.

Vamos ganhar esta segunda guerra já?

JANDIRA FEGHALI

FONTE: PORTAL VERMELHO

 

Edifício-Sede do Banco Central em Brasília

IMAGEM: MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

 

Decisão sai amanhã à noite. Nesta terça, centrais fazem manifestações pelo país. “Juros travam crescimento”, afirma sindicalista

A 253ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), começa nesta terça-feira (21) sob uma poucas vezes vista saraivada de críticas. Do próprio governo, do setor produtivo e das entidades de trabalhadores, contra a taxa básica de juros, a Selic, que poderá – ou não – ser alterada no segundo e último dia de encontro do colegiado, já na noite de quarta-feira. Até agora, as projeções indicam que, apesar de estar sob ataque, o Copom tende a manter os juros em 13,75% ao ano, nível em que se encontra desde agosto. O maior em seis anos.

De agosto para cá, a inflação (IPCA) anualizada caiu três pontos percentuais, de 8,73% para 5,60%. Ou seja, em poucos meses a diferença entre juros e inflação subiu de 4,6% para 7,7%. A autoridade monetária aponta riscos, internos e externos, para a inflação brasileira. Mas o governo não tem engolido a argumentação.

Nada justifica

“Não há nada que justifique 8% de juros reais acima da inflação quando não há demanda explodindo e quando o mundo inteiro tem praticamente juros negativos”, afirmou ontem (20), durante seminário, o vice-presidente, Geraldo Alckmin. Ele também é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No mesmo evento, organizado pelo BNDES, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, chamou as taxas de juros de “pornográficas”. E até o professor Joseph Stiglitz, Nobel de Economia, falou em “pena de morte” ao se referir ao juros praticados no Brasil pelo Copom. Representantes das montadoras também já fizeram reclamações públicas.

Por sua vez, representantes das centrais sindicais se unem hoje em protesto contra os juros altos mantidos pelo Copom. O principal ato está marcado para as 10h, diante da sede do BC em São Paulo, na avenida Paulista – por sinal, quase em frente à Fiesp. Desta vez, os sindicalistas vão assar e distribuir quilos de sardinhas. Uma manifestação que esteve na moda nos anos 1990. “A intenção é mostrar que os juros altos engordam os tubarões rentistas, enquanto para o povo só sobra sardinha”, afirma o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. (Confira abaixo outros atos.)

Trava ao crescimento

Em outra frente, o Conselho Nacional da Previdência Social reduziu, de 2,14% para 1,70% ao mês, a taxa do crédito consignado. A decisão, defendida pela Fazenda, saiu no dia 13. Mas depois disso os principais bancos suspenderam a modalidade. O governo deve se reunir hoje para rediscutir o assunto.

“Os protestos são fundamentais para pressionar a direção do BC, comandada por Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro (PL), a baixar os juros que estão travando o crescimento econômico, impedindo a geração de empregos”, afirma o presidente da CUT, Sérgio Nobre. “Todo mundo tem um amigo, um parente desempregado e essa penúria que o trabalhador vem passando tem tudo a ver com os juros altos que impedem as empresas de investir e o próprio governo de promover programas sociais e fazer obras como abrir novas estradas, consertar as que precisam de reparos, entre outras que geram milhares de empregos.”

Atos previstos para esta terça-feira

  • Aracaju:  Praça General Valadão, centro, em frente à sede do BC, às 7h30 
  • Belém: Boulevard Castilhos França, 708 – Campina, às 9h
  • Belo Horizonte: Praça Sete, às 11h
  • Brasília: Setor Bancário Sul (SBS), Edifício Sede do BC, às 12h30
  • Curitiba: Av. Cândido de Abreu, 344 – Centro Cívico, às 11h
  • Fortaleza: Av. Heráclito Graça, 273 – centro, às 9h30
  • Porto Alegre: Rua 7 de Setembro, 586 – centro, às 12h
  • Rio de Janeiro: Caminhada da Candelária até a sede do BC, na avenida Presidente Vargas, centro, às 17h
  • Recife: Avenida Conde da Boa Vista, 785, em frente ao Santander
  • Salvador: 1ª avenida, 160 – Centro Administrativo da Bahia (CAB), às 9h
  • São Paulo: Av. Paulista, 1.804, sede do BC, a partir das 10h

FONTE: REDE BRASIL ATUAL