IMAGEM: BNAMERICAS

Localizado em Niterói, Mac Laren prevê cerca de R$ 300 milhões em construção de dique

Líder do consórcio vencedor do primeiro leilão de construção de navios petroleiros no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Estaleiro Mac Laren, em Niterói (RJ) aprovou um projeto de expansão para tentar aproveitar a nova onda de encomendas na indústria naval brasileira.

A empresa obteve aprovação de financiamento do FMM (Fundo de Marinha Mercante) para construir um dique flutuante de US$ 50 milhões (quase R$ 300 milhões), voltado principalmente ao reparo de embarcações.

A ideia, segundo o vice-presidente do estaleiro, Alexandre Kloh, é se habilitar para contratos que deixarão de ser interessantes para estaleiros de grande porte quando o novo programa naval de Lula começar a ocupar os grandes estaleiros instalados no país.

Um deles é o ERG (Estaleiro Rio Grande), sócio da Mac Laren no contrato que ganhou a primeira licitação da Transpetro, subsidiária da Petrobras, neste terceiro mandato. O contrato prevê a construção de quatro navios de transporte de combustíveis.

As obras devem ser iniciadas entre agosto e setembro no ERG, que vinha sobrevivendo justamente de reparos em navios após o início da crise do setor, que teve contratos suspensos depois da descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

A expectativa é que o pico da construção das quatro embarcações mobilize cerca de 1.500 empregados diretos no ERG. Os navios serão concluídos no Mac Laren, com expectativa de 400 empregados diretos no pico das obras.

A Transpetro já lançou uma licitação para oito navios gaseiros, que o Mac Laren também disputa, e pretende licitar um total de 25 embarcações em seu plano de renovação da frota de petroleiros, uma das bandeiras de Lula desde a campanha ao terceiro mandato —ao menos oito devem ir a leilão em 2025.

Kloh diz que a tendência é que os grandes estaleiros fiquem cheios com as obras, o que limitaria o espaço para a docagem de navios para reparo. Ele aposta nesse segmento para diversificar as operações, que vinham focadas em apoio a plataformas de petróleo nos últimos anos.

Com 90 anos de existência, o Mac Laren opera hoje como um grande pátio para armazenar imensas bobinas de tubulações que são levadas às plataformas. Tem também uma unidade de construção de equipamentos submarinos para a produção de petróleo.

Os equipamentos de seu tempo de construção naval estão sem uso. A carreira onde os navios eram construídos foi soterrada para ganhar mais espaço para armazenar os grandes equipamentos que são levados às plataformas.

Como é um dos poucos estaleiros brasileiros fora de processo de recuperação judicial, tem maior desenvoltura para disputar os novos contratos de construção naval —já que possui maior facilidade para obter garantias bancárias.

O setor pede ao governo o uso do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para facilitar a participação de outros estaleiros em dificuldades nas licitações da Petrobras. A falta de crédito é hoje um dos principais entraves à promessa de retomada da construção naval feita por Lula.

Kloh avalia que esse problema explica a participação de apenas um consórcio no primeiro leilão. Após a vitória, o consórcio negociou com a Petrobras a redução do preço em troca da queda no conteúdo local mínimo de 65,7% para 50,05%, permitindo a compra no exterior da superestrutura dos navios, onde ficam camarotes e instalações de serviço.

Neste momento, o consórcio negocia com siderúrgicas brasileiras a compra do aço para os cascos, apostando que a tarifa imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tornará a produção nacional mais barata.

“A gente está torcendo muito para que conseguir comprar isso aqui no Brasil, não ter que importar”, afirma. “Já começamos a conversa com a indústria siderúrgica. A taxação do aço fez com que o aço ficasse um pouco mais competitivo aqui.”

FONTE: Folha de São Paulo