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Número de pessoas em busca de trabalho também atinge mínima (6,08 milhões)
Taxa divulgada pelo IBGE vem em linha com as projeções do mercado financeiro
A taxa de desemprego do Brasil ficou em 5,6% no trimestre até agosto, repetindo a mínima da série histórica iniciada em 2012, apontam dados divulgados nesta terça (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O mesmo patamar já havia sido alcançado no trimestre encerrado em julho deste ano. O novo resultado veio em linha com a mediana das projeções do mercado financeiro, que também era de 5,6%, conforme a agência Bloomberg.
Segundo o IBGE, o mercado de trabalho ainda mostra força no país, mas é possível que esteja em um período de acomodação em meio aos juros altos.
O desemprego estava em 6,2% no trimestre até maio, que serve de base de comparação para os dados divulgados nesta terça. Isso porque o IBGE evita o confronto direto entre intervalos com meses repetidos, como é o caso dos finalizados em julho e agosto.
De acordo com o instituto, o número de desempregados recuou a 6,08 milhões no trimestre mais recente. Com o resultado, o contingente renovou o menor patamar da série histórica depois de quase 12 anos.
A mínima anterior (6,10 milhões) havia sido alcançada nos três meses encerrados em dezembro de 2013.
A população desempregada é formada por pessoas de 14 anos ou mais que estão sem trabalho e que seguem em busca de oportunidades.
Os dados do IBGE integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). O levantamento investiga tanto o setor formal quanto o informal, que inclui os populares bicos.
A população ocupada com algum tipo de trabalho foi estimada em 102,42 milhões até agosto. Isso indica um avanço de 0,5% ante o trimestre finalizado em maio (101,86 milhões).
O contingente, contudo, não conseguiu renovar a máxima da série. O maior número foi de 102,44 milhões até julho.
A renda mensal do trabalho da população ocupada foi estimada em R$ 3.488, em média, no trimestre até agosto.
O valor ficou dentro da margem de estabilidade da pesquisa na comparação com o período até maio (R$ 3.457), conforme o IBGE.
William Kratochwill, analista da pesquisa do instituto, disse que o mercado de trabalho pode estar em um momento de acomodação, mas ainda se mostra resistente aos impactos dos juros altos.
"Pode ser que esteja em um momento de calmaria para tomar as decisões corretas do segundo semestre", afirmou. "De fato, estamos em uma certa estabilidade, mas ele está favorável ao trabalhador."
O emprego vem em uma trajetória de recuperação após a pandemia. Segundo analistas, o movimento refletiu o desempenho aquecido da economia em meio a medidas de estímulo do governo federal, além de mudanças demográficas e impactos da tecnologia.
A geração de vagas de trabalho e renda serve de incentivo para o consumo. A demanda constantemente aquecida, por outro lado, pode pressionar a inflação.
Para conter o ritmo de aumento dos preços, o BC (Banco Central) promoveu um choque na taxa básica de juros, a Selic, que está em 15% ao ano. Os juros altos tendem a desacelerar a economia –sinais disso já apareceram no PIB (Produto Interno Bruto).
FONTE: FOLHA DE S.PAULO